quinta-feira, 18 de junho de 2015

A CARRAÇA NO OUVIDO





Contam aqueles que falam, com algum humor negro de problemas de estatuto médico, na senda dos asclepíades e hipocráticos (filho de Médico tem de ser Médico, Hipócrates dixit) que um cidadão, cliente de determinado médico tinha uma carraça no ouvido, que o otorrinolaringologista tratava com cuidado, acalmando-a hoje, irritando-a, amanhã.
Foi de férias e deixou o filho médico a cuidar dos doentes do pai médico.
Não imaginam a alegria do puto quando descobriu que o doente tinha uma carraça que extraiu, de imediato.
Quando o pai regressou de férias, abordou-o pressuroso e radiante pelo seu feito de extracção da carraça.
O pai, concentrado e sobrolho carregado reprimiu tanta alegria dizendo, em tom pedagógico: «agora vais comer da carraça».
Esta coisa das USF tem muitas semelhanças com este fenómeno da carraça, verdadeiro ou construto.
Com efeito, toda a gente, que vê, um palmo, acima do horizonte visual, já notou que se trata de uma forma de proporcionar, aos Médicos acalmarem ou irritarem a carraça, (USF) consoante as suas conveniências e o mercada da bolsa.
Se convencionassem os Médicos, que se propusessem prestar assistência aos doentes, nesses moldes, tantas fantochadas, que se extinguiam, como chama a que se corta o oxigénio! 
Ainda havia a vantagem de proporcionar consultas de maior qualidade, pois os Enfermeiros ao encaminharem os doentes carecidos de consulta médica, saberiam encaminhá-los, para os mais eficazes, pois há diferenças, entre eles. (As USF até esta possibilidade disfarçam, ao medirem tudo pela mesma medida).
Mas para adoptar um esquema destes, lá se ia a fábrica de poderes reguladores da bolsa da saúde.
Que os Médicos queiram manter a carraça, para coçar o SNS, ainda se entende, dado o seu pendor corporativista reconhecido;
Que os governantes continuem a apostar nas USF, já é um pouco mais difícil de engolir, pois é pena que não consigam mergulhar na essência das USF, que só um cego não vê e que, até, estão a ser fonte de conflitos, nada saudáveis, para os Profissionais do SNS.
Não sei quando vamos ter a felicidade de ver alguém ocupar estes cargos, que tenha olhos de ver acima do horizonte visível.
Com amizade e caridade cristã,
José Azevedo


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