AINDA O DIA DO ENFERMEIRO
Os Colegas Maria José e Helder
falaram muito bem da dicotomia:
Num dos ramos está o doente;
No outro está o registo.
Se registo não tenho tempo de
olhar para o doente.
Se olho pelo doente, não tenho
tempo de registar.
Se não registo posso ser punido,
repreendido, ameaçado de despedimento.
Se não assisto o doente não tenho
que registar.
E de duas uma:
Ou não assisto o doente e invento
os registos;
Ou assisto o doente e não
registo, porque os registos eu posso inventá-los, mas os cuidados ao doente,
não posso falsificá-los.
Para complicar, há outro
obstáculo: a responsabilidade.
Se não registo os cuidados que
presto, ou não presto, sou responsabilizado;
Se deixo para segundo plano os
cuidados ao doente e faço os registos direitinhos, ainda que o conteúdo seja falso,
sou louvado, sou modelo;
Se os registos não reflectem as
regras da CIPE, segundo o entendimento local da instituição, há complicação com
o grau de responsabilidade e o processo disciplinar, espreita-me na próxima
esquina.
O que será mais vantajoso:
Atender o doente a correr e fazer
os registos pausadamente;
Ou atender o doente meticulosamente
e fazer os registos à pressa?
Quem me vai avaliar dará mais valor aos registos ou aos cuidados
que presto, ainda que o doente já não esteja presente?
É óbvio que os registos ficam e o doente parte. O que fica é a base
da avaliação. O que parte é ficção.
Está explicado o fenómeno de os
Enfermeiros passarem mais tempo junto dos computadores do que seria para
admitir, pois que se trata duma ferramenta para facilitar os registos.
Desta forma o Enfermeiro
desvaloriza-se aos olhos do doente, para fabricar bons registos que outro
profissional vai ler, servindo a exactidão dos registos para os afastar também,
ainda mais do “seu” doente.
E a responsabilidade
que, segundo a ética, está acima da obediência, visto que o
Enfermeiro deve orientar-se pela natureza ética dos seus deveres,
despersonaliza-se e descaracteriza-se, para se aninhar à sombra da
responsabilidade doutros profissionais sem tomar consciência de que isso não
lhe serve de nada, em caso de negligência comprovada.
É um
assunto muito sério e a merecer soluções adequadas ao desempenho
correcto, adiando os modelos fictícios, mal estudados,
mal imaginados e mais mal compreendidos, da “manta
curta”!
O modelo é uma réplica, em ponto
reduzido do real e não do imaginário ou ficcionado.
A
ficção não se modela.
Não posso estar mais de acordo com o que li.
ResponderEliminarA qualidade e competencia do enfermeiro varia na razao inversa da sua apetencia para o CIPÊS.
E depois os que contestam são perseguidoa e aos ineptos aplica-se o pricipio de Peter, podendo até, se a tanta imbecilidade se juntar a falta de principios como profissional e cpmo gente, e chegar ao tão ambicionado "cargo" de coordenador(zeco).