SINAIS DO TEMPO
O tempo, que passa, é muito
exigente, porque as novas tecnologias permitem ver e fazer mais coisas, num
momento, do que antigamente era pensável e exequível. Essa velocidade a que o
tempo discorre dá uma nova interpretação ao discurso do nosso tempo.
Mas os nossos sentidos não se adaptam
com a mesma rapidez; continuam lentos, naturais, apesar das tentativas de os acelerar.
A tendência dos meios
tecnológicos, que, como captores, que são, tentam prender-nos e manter-nos
reféns seus; dificultam a nossa capacidade de actualização. Transformam o ser
humano em presa fácil destes e de outros tantos agarradores
da nossa liberdade e de outros direitos,
igualmente inerentes, à natureza humana e que fazem parte da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, que as
Nações Unidas deram a conhecer, depois de adoptada,
em Plenário das Nações, no dia 10 de Dezembro de 1948.
Infelizmente, há muitos que
declaram respeitar esses direitos universais para, em seu nome, e abrigados por
esse guarda-sol, fazem exactamete o contrário; mas, felizmente,
que ainda há muitos mais que, como nós, se lembram desses direitos e de os
propagarem, para o bem e para o mal.
Quando se usa a farsa para meter medo às pessoas em situação de insegurança,
está-se a violar o mais elementar dos direitos humanos. Quem o viola deve ser punido severamente, com penas que podem
ir desde o remorso, para os que têm consciência, até à destituição
dos cargos que ocupam e de que são indignos ao usarem estes golpes baixos,
proibidos na luta pela sobrevivência, para os inconscientes
e desavergonhados.
Já houve uma época, em que a contratação de pessoas e serviços e
mercadorias se fazia em regime de MONOPSÓNIO [mono = 1 só + opsonein - do Grego = fazer provisões de boca, sem escrever] é o regime em que um só comprador se encontra perante uma
quantidade enorme de vendedores, em que a oferta excede a procura.
Para contrariar o regime do monopsónio, foram nascendo os Sindicatos.
A partir de então a contratação de
trabalhadores passou a ser negociada por sindicatos,
cujo nascimento e imposição foram muito dolorosos,
para os trabalhadores e sindicalistas,
muitos dos quais deram a sua vida, para que, hoje, tenhamos o direito à negociação colectiva; para que tenhamos
Sindicatos, aos quais os trabalhadores não apoiam, na medida em que deviam
apoiá-los!
Olhando a nossa realidade Enfermeira com um pouco de atenção, como
compete a qualquer Enfermeiro, esteja em que ponto estiver da escala, por imperativo de Classe ou de Corpo Especial Profissional,
começam a desenhar-se os malefícios do monopsónio,
regime perverso que já existiu e cujas raízes nunca se extinguiram,
verdadeiramente, porque o empregador nunca perde o jeito de explorar o
trabalhador.
Ainda vai havendo muita oferta e o contratador faz a olho o seu contrato com o
Enfermeiro, sem regras nem segurança,
porque há, ainda há, no mercado, muitos disponíveis,
para um só lugar.
Depois, o passo seguinte é entregarem
as vítimas aos gaúchos mandoristas filhos da
ideologia caciquista, que, sem
preparação, se entregam à prática de redução dos mais
elementares direitos humanos um dos quais é o de liberdade de associação,
sem que isso produza efeitos secundários, [pressões
e intimidações], na relação empregador/trabalhador.
E marcam os sindicalizados e os
não sindicalizados;
E marcam os de cada sindicato;
E os potenciais interessados por
contrariar esta tendência – os TRABALHADORES,
são os que, em primeiro lugar, se deixam dominar
por ela fugindo do seu sindicato, com um medo e respeito
quase religiosos, como se ser sindicalizado fosse um pecado
mortal.
Porque acreditamos na salvação
dos Enfermeiros desta estratégia, escrevemos estas coisas, para lhes lembrar que a sua salvação da exploração está no
Sindicato, neste caso, no SE, pois só
ele lhe pode tirar o medo dando caça
e coça nos “morubixabas” mandoristas, ao serviço do caciquismo que se instalou
na saúde, nos últimos tempos.
Colegas;
a melhor defesa é o ataque; por isso, é ao Sindicato que compete atacar,
por vós, o conjunto
de práticas, que vos oprimem e exploram, pois nem sequer são
novas: despontam, quando o movimento sindical
enfraquece.
Dar
força ao seu Sindicato é um dever de todos nós.
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