{Excerpts from Suzane Gordon's adress to National Association Nurses.}
Excertos da palestra de Suzanne Gordon, na Associação Nacional de Escolas
de Enfermagem (USA) Conferência anual da NASN, 2009
Estamos, enquanto Enfermeiros, perante um paradoxo louco;
Eu confio em si, mas eu não entendo nada do que é que você faz, diz o cidadão
comum!
Ora isto é um problema para as escolas; para os estudantes de Enfermagem e
respectivas famílias; para os Enfermeiros hospitalares, ou antes: é um problema
para todos os Enfermeiros, estejam onde estiverem; façam o que fizerem, porque
esse paradoxo social, entre confiar, no trabalho do Enfermeiro, por um lado,
sem o compreender, por outro, significa que não podem apoiar o que nós,
Enfermeiros, reivindicamos, pois não sabem o que fazemos. Por este indicador se
pode supor a importância, que é para os Enfermeiros darem-se a conhecer; saírem
do silêncio para a voz; dar voz ao silêncio, para que deem uma melhor imagem de
si, que faça com que o público entenda o valor do seu trabalho.
Organizações de Enfermagem e Enfermeiros, em geral, quando vão falar do seu
trabalho, tendem a falar mais das suas virtudes do que do seu conhecimento. Virtudes
e conhecimentos são coisas muito diferentes e a razão pela qual eles não falam o
suficiente do seu trabalho, ou falam de uma forma particularizada e
sentimental, não é, apenas, porque os Enfermeiros, hoje, no século 20, consideram
o seu trabalho muito feminino, mas, sobretudo, por causa da origem religiosa da
Enfermagem, os Enfermeiros, por via de regra, não exibem convictamente,
conceitos de respeito.
Vamos lá dar uma olhadela nesse conceito de respeito, versus; simpatia e o
que as pessoas disseram, quando tiveram uma boa experiência com um médico?
Geralmente, dizem. “O nosso/a, médico/a é inteligente; entende da
coisa";
Dizem mais: “se você não pagar bem, não terá o melhor e mais inteligente… Quem
não ouviu isso, repetidamente?
Vejamos, agora, o contraste, quando tiveram um bom atendimento, por um Enfermeiro?
Espantoso; ela é tão.....legal; ela é tão doce!
E mostra que é inteligente, mas dizem logo: ela devia ser... médico: é o mesmo
que dizerem, Suzanne, você é tão inteligente e expedita; deveria tornar-se um
homem.
Estou muito preocupada, que os Enfermeiros, ao exporem um assunto, usem
imagens que contradizem a importância e seriedade do trabalho que fazem, agindo
duma maneira demasiado trivial;
Se olharmos publicações de hospitais ou médicas, os médicos parecem-se
sempre, com ele; parece que têm algo realmente importante para dizer ao
paciente, parecem-se com essas caras; parece que têm algo, realmente importante,
para dizerem ao paciente;
Reparem nas caras dos Enfermeiros; estão sempre a sorrir, mesmo a trabalhar
junto do Doente. Sorriem por tudo e por nada: sorriem para a câmara, sorriem,
até para as máquinas. É incrível!
Os Enfermeiros precisam de elevar as suas vozes, junto aos seus pacientes e,
perante a sociedade, porque esse país não vai pagar melhor aos Enfermeiros se
eles pensarem: bem, os Enfermeiros não fazem nada; não resolvem
problemas...eles são apenas doces.
Nunca pagarão o trabalho dos Enfermeiros, como eles merecem; não vão apoiar
fundos de educação, nunca darão apoio para que haja escolas suficientes, se os
Enfermeiros acreditarem e se contentarem com isso de: ... Enfermeiros são só
doces.
Quero louvá-los pelo que fazem e encorajá-los, para que não percam a
possibilidade de terem voz, de falar, só porque pensam que não queremos
ouvi-los porque "você é apenas um Enfermeiro"!
Tenho ouvido: "eu sou apenas um Enfermeiro", tantas vezes que começo
a ficar desnorteada.
Este é o ponto fundamental da minha apresentação, que bem poderia ser uma
campanha de recrutamento; gostaria de fechar com esse mote: ”Eu
sou apenas um Enfermeiro”.
Eu faço a diferença entre vida e morte; porque sou apenas um Enfermeiro.
Eu tenho olhos treinados que previnem erros médicos e outras catástrofes,
porque sou apenas um Enfermeiro;
Eu faço a diferença, entre: Cura,
Esperança e Desespero, porque sou apenas um Enfermeiro.
Ajudo Enfermeiros e Médicos a provar um cuidado mais seguro e efectivo,
porque sou apenas um Enfermeiro pesquisador;
Eu sou apenas um Enfermeiro professor que apenas ensina novas e futuras
gerações de Enfermeiros;
Eu sou apenas um Enfermeiro, que lida tão-só e monitoriza pacientes de alta
complexidade, em hospitais escolares, passando por estudos experimentais tóxicos;
Eu sou apenas um Enfermeiro geriatra; apenas faço a diferença entre um
paciente ir para casa ou ir para um asilo.
Eu sou apenas um Enfermeiro de saúde escolar, que possibilita que as
crianças fiquem saudáveis na escola;
Eu sou apenas um Enfermeiro de cuidados paliativos; apenas estabeleço a
diferença, entre um paciente morrer, em agonia ou morrer com tranquilidade e
dignidade.
Eu sou apenas um Enfermeiro; Por isso, sou a linha central do cuidado em saúde, por que não se junta
a nós para ser [apenas um Enfermeiro], também?
Excelente texto...excelente reflexão.
ResponderEliminarFoi na «America», mas pode ser em Portugal...e porque não?
Cumprimentos
Augusto