domingo, 5 de maio de 2013

EU SOU APENAS UM ENFERMEIRO


{Excerpts from Suzane Gordon's adress to National Association Nurses.}

 

Excertos da palestra de Suzanne Gordon, na Associação Nacional de Escolas de Enfermagem (USA) Conferência anual da NASN, 2009

 

Estamos, enquanto Enfermeiros, perante um paradoxo louco;

Eu confio em si, mas eu não entendo nada do que é que você faz, diz o cidadão comum!

Ora isto é um problema para as escolas; para os estudantes de Enfermagem e respectivas famílias; para os Enfermeiros hospitalares, ou antes: é um problema para todos os Enfermeiros, estejam onde estiverem; façam o que fizerem, porque esse paradoxo social, entre confiar, no trabalho do Enfermeiro, por um lado, sem o compreender, por outro, significa que não podem apoiar o que nós, Enfermeiros, reivindicamos, pois não sabem o que fazemos. Por este indicador se pode supor a importância, que é para os Enfermeiros darem-se a conhecer; saírem do silêncio para a voz; dar voz ao silêncio, para que deem uma melhor imagem de si, que faça com que o público entenda o valor do seu trabalho.

Organizações de Enfermagem e Enfermeiros, em geral, quando vão falar do seu trabalho, tendem a falar mais das suas virtudes do que do seu conhecimento. Virtudes e conhecimentos são coisas muito diferentes e a razão pela qual eles não falam o suficiente do seu trabalho, ou falam de uma forma particularizada e sentimental, não é, apenas, porque os Enfermeiros, hoje, no século 20, consideram o seu trabalho muito feminino, mas, sobretudo, por causa da origem religiosa da Enfermagem, os Enfermeiros, por via de regra, não exibem convictamente, conceitos de respeito.

Vamos lá dar uma olhadela nesse conceito de respeito, versus; simpatia e o que as pessoas disseram, quando tiveram uma boa experiência com um médico?

 

Geralmente, dizem. “O nosso/a, médico/a é inteligente; entende da coisa";

Dizem mais: “se você não pagar bem, não terá o melhor e mais inteligente… Quem não ouviu isso, repetidamente?

 

Vejamos, agora, o contraste, quando tiveram um bom atendimento, por um Enfermeiro?

Espantoso; ela é tão.....legal; ela é tão doce!

E mostra que é inteligente, mas dizem logo: ela devia ser... médico: é o mesmo que dizerem, Suzanne, você é tão inteligente e expedita; deveria tornar-se um homem.

Estou muito preocupada, que os Enfermeiros, ao exporem um assunto, usem imagens que contradizem a importância e seriedade do trabalho que fazem, agindo duma maneira demasiado trivial;

Se olharmos publicações de hospitais ou médicas, os médicos parecem-se sempre, com ele; parece que têm algo realmente importante para dizer ao paciente, parecem-se com essas caras; parece que têm algo, realmente importante, para dizerem ao paciente;

Reparem nas caras dos Enfermeiros; estão sempre a sorrir, mesmo a trabalhar junto do Doente. Sorriem por tudo e por nada: sorriem para a câmara, sorriem, até para as máquinas. É incrível!

Os Enfermeiros precisam de elevar as suas vozes, junto aos seus pacientes e, perante a sociedade, porque esse país não vai pagar melhor aos Enfermeiros se eles pensarem: bem, os Enfermeiros não fazem nada; não resolvem problemas...eles são apenas doces.

Nunca pagarão o trabalho dos Enfermeiros, como eles merecem; não vão apoiar fundos de educação, nunca darão apoio para que haja escolas suficientes, se os Enfermeiros acreditarem e se contentarem com isso de: ... Enfermeiros são só doces.

Quero louvá-los pelo que fazem e encorajá-los, para que não percam a possibilidade de terem voz, de falar, só porque pensam que não queremos ouvi-los porque "você é apenas um Enfermeiro"!

Tenho ouvido: "eu sou apenas um Enfermeiro", tantas vezes que começo a ficar desnorteada.

Este é o ponto fundamental da minha apresentação, que bem poderia ser uma campanha de recrutamento; gostaria de fechar com esse mote: ”Eu sou apenas um Enfermeiro”.

Eu faço a diferença entre vida e morte; porque sou apenas um Enfermeiro.

Eu tenho olhos treinados que previnem erros médicos e outras catástrofes, porque sou apenas um Enfermeiro;

 Eu faço a diferença, entre: Cura, Esperança e Desespero, porque sou apenas um Enfermeiro.

Ajudo Enfermeiros e Médicos a provar um cuidado mais seguro e efectivo, porque sou apenas um Enfermeiro pesquisador;

Eu sou apenas um Enfermeiro professor que apenas ensina novas e futuras gerações de Enfermeiros;

Eu sou apenas um Enfermeiro, que lida tão-só e monitoriza pacientes de alta complexidade, em hospitais escolares, passando por estudos experimentais tóxicos;

Eu sou apenas um Enfermeiro geriatra; apenas faço a diferença entre um paciente ir para casa ou ir para um asilo.

Eu sou apenas um Enfermeiro de saúde escolar, que possibilita que as crianças fiquem saudáveis na escola;

Eu sou apenas um Enfermeiro de cuidados paliativos; apenas estabeleço a diferença, entre um paciente morrer, em agonia ou morrer com tranquilidade e dignidade.

Eu sou apenas um Enfermeiro; Por isso, sou a linha central do cuidado em saúde, por que não se junta a nós para ser [apenas um Enfermeiro], também?

 

1 comentário:

  1. Excelente texto...excelente reflexão.
    Foi na «America», mas pode ser em Portugal...e porque não?

    Cumprimentos
    Augusto

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