segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SINDICATO O QUE É



Estamos habituados a dizer que a culpa da situação a que os Enfermeiros chegaram, que não pode ser pior, é do Sindicato, que não faz nada pelos Enfermeiros.
Por muito que nos custe, isto é verdade, partindo do pressuposto da visão que se tem de Sindicato e que se bebe nalgumas  escolas profissionais e políticas.
Comecemos por fazer uma  reflexão breve, mas muito importante para o presente e futuro dos Enfermeiros e da Enfermagem.
Vejamos; há muitos Enfermeiros sem Sindicato, mas não há Sindicato sem Enfermeiros.
Porquê?
Porque eles, os Enfermeiros, é que são o Sindicato; por isso não uma coisa sem a outra.
Então qual o significado real da frase: "O Sindicato não faz nada pelos Enfermeiros?"
O significado real e concreto é que os Enfermeiros não fazem nada, por si próprios, porque eles é que são o Sindicato e para este actuar terá de ser sempre, e só, através dos Enfermeiros.
E quando se nos dirigem, muitas vezes, começam por dizer; já fui à Ordem e esta, também nada fez, por mim. Estou sem saber o que fazer.

Devem começar por ler o que se está a passar, na terra do Tio Sam, lá nos EUA, a propósito dos Sindicatos, onde a percentagem de sindicalização anda muito próxima dos 100%.
E não querem saber que os americanos, grandes inventores do sindicalismo moderno (mas sem tendências) estão a publicitar a conclusão de que só os Sindicatos fortes os podem salvar da ganância do capital.Ninguém está interessado em fazer isto por eles.
Mas haverá ganância, na Saúde, para pensarmos igual?
Se há... e muita. Aliás, essa ganância, levada à prática por administradores, que não arranjaram lugar como professores, que nos aparece disfarçada, até de santa, é a principal causa da situação a que chegou a Enfermagem, em Portugal.
O Ministro da Saúde diz que os Enfermeiros andam esgotados, MAS que não é com o trabalho, nos hospitais públicos: é por trabalharem em 2 lugares.
Vindo o referido Ministro, especialista em caçador de contribuições e impostos, onde não deixava fugir um não pagador, que lhe passasse, por perto, não pensou que a razão de os Enfermeiros trabalharem em 2 lugares, ambos mal pagos; é porque o Estado só lhes paga metade do que deve pagar.
Mas, para ensinarmos o Ministro da Saúde a fazer contas, temos de pôr o Sindicato a funcionar.
E como,para nós, o Sindicato é o conjunto dos seus associados, tendo na sua direcção dos melhores lideres do sindicalismo nacional, só têm de se juntar, à sua volta, formando um bloco duro de roer.
Isso consegue-se, através de disciplina sindical e de obediência consciente e responsável a essa disciplina.
Enquanto os Enfermeiros continuarem a bater a portas erradas, como as da Ordem, para este efeito;
Enquanto não interiorizarem que eles são o Sindicato, e não outra coisa diferente e distinta deles;
Enquanto não intuírem que; sem um exército, os generais, por muito bons que sejam, não fazem guerras;
Não conseguimos sair airosa e dignamente da cepa torta. E se é isto que querem: para si e para a Profissão, basta continuarem a cometer os mesmos erros e atirar aos ventos as suas culpas próprias. Os ventos assobiam, mas para o ar, como os que exploram os Enfermeiros.
Colega, pára um pouco para pensares e manda o trabalho às urtigas, enquanto pensas na tua situação e nas tuas atitudes, perante o Sindicato. É que o trabalho nunca mais acaba e, quanto mais depressa acabares um, mais depressa começa outro...
Se o Sindicato não actua é porque muitos Enfermeiros, que nem são sindicalizados, seguem pela via errada e cometem muitos dos erros, que enumeramos, acima, entre muitos outros, que podíamos enunciar, engrossando a causa da coisa.
Então, lá vem, mais uma vez, o exemplo dos americanos:
Não perguntes o que pode o Sindicato fazer por ti; pergunta, antes, o que podes fazer pelo Sindicato.
E se articulares bem este conceito, podes ter a certeza que a tua vida muda muito e rapidamente.
Não é por prazer que temos vindo a demonstrar muitos dos erros cometidos, para com os Enfermeiros, sobretudo os que são da responsabilidade dos próprios Enfermeiros.
Está na nossa mão mudar este paradigma da miséria.
Nós valemos muito mais do que tentam convencer-nos que valemos.

Se quiserem um bom exemplo de estupidez natural leiam a Madama G, ou se preferirem; Lady G.

A propósito, quando a Pandora curiosa abriu o pote das maldades, que invadiram o mundo, ainda conseguiu tapá-lo a tempo de não deixar fugir a esperança. É nessa esperança que devem acreditar.Nós acreditamos, por isso estamos, aqui, para ajudar a tapar os buracos, que outros abriram.
Mas convém não esquecer que a margem de erro, que temos, é muito pequena: temos que dar a pancada certa, no sítio certo, na hora certa, se quisermos ganhar o preço certo do trabalho enfermeiro.
Mas a esperança não vem ter connosco; é preciso fazer por ela.
Quem alimenta o descrédito dos Sindicatos?
É evidente que são os patrões ou quem as suas vezes fizer como é o caso dos hospitais públicos.
Basta que não satisfaçam as nossas reivindicações e simples respostas a questões simples.
O seu objectivo é demonstrar a nossa inutilidade.
E os Enfermeiros reagem ao contrário do que deviam:
1 - Pensam que os Sindicatos são os marmanjões que dão o corpo às balas nas direcções do Sindicato;
2 - Esquecem que eles não são o Sindicato e faltar ao respeito ao Sindicato não é desrespeitá-los a eles, somente.
Os países mal governados e economias débeis são aqueles onde a sindicalização tem percentagens baixas de adesão.
Nós somos um desses exemplos; quando a percentagem de sindicalização rondava os 90%, nós crescemos e fomos definhando à medida que a percentagem da sindicalização baixou.
A Ordem queiramos ou não, por impreparação e miopia de quem por lá tem andado reflecte e agrava a nossa destruição. Ao contrário do que muitos ingénuos pensam: impõe-nos trabalho de qualidade e não tem nada a ver com a forma como é pago; mas, "tanto tens, tanto vales; nada tens, nada vales".
O remédio está na atualização e adequação da maneira de ver o Sindicato, por parte dos Enfermeiros, que não queiram continuar a ser explorados desavergonhadamente. Mesmo que sejam insociáveis, não digam mal do Sindicato da Classe, porque ao fazê-lo, repito vezes sem conta, é contra ti, que disparas e é o valor do teu trabalho, que estás a desclassificar. Tudo o mais são cantigas.
Levar a desmotivação ao extremo, de tal forma que, cada dia reduzam mais a vossa atividade, em qualidade e quantidade; quem ganha pouco não pode trabalhar muito; quem ganha mal, não pode trabalhar bem, por isso o "barato sai caro", diz o Zé: "sem dares nas vistas, faz o menos que puderes" e deixa sempre que fazer, sobretudo daquilo que pode esperar, mas encalha. Por exemplo, as falhas de memória, são próprias de mentes mal oxigenadas e desproteinizadas.
E os Doentes?
As condições de funcionamento dos serviços não são da vossa responsabilidade e os Doentes, em si, tendem a atribuir a outros profissionais o êxito do vosso trabalho.
E umas liçõezinhas com o fim de lhes educar a maneira de pensar certo e correto, não só lhes fazem bem ao corpo como, também à alma.
E os Senhores feudais, quando virem, nas suas contas, que os escravos, ou servos da gleba, não estão a render o que esperavam, serão os primeiros a dar valor ao Sindicato e a melhorar as condições de vida e de trabalho, dos seus servos.
Até são capazes de entender que com menos horas de trabalho os Enfermeiros rendem mais.
Tudo se resume a um problema de educação, que começa nos Enfermeiros e acaba nos ditos administradores e governantes vesgos; os tais que olham contra o governo, como diz o Povo sábio.
Este não é um discurso politicamente correto, mas analiticamente certo, porque a hipocrisia não mora nesta residência.
  
Com amizade,
José Azevedo

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