quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ÉLAN VITAL - HENRI BERGSON


Nota - Mesmo que viesse um raio que nos partisse, por evocção d'"o raio que os parta", o élan vital reconstruiria tudo.
Leiamos o que diz o autor, neste momento cultural

Quatro idéias fundamentais

Bergson constrói a sua filosofia sobre quatro idéias fundamentais: a "intuição", a "durée", a "memória" e o "élan vital". Para ele, a filosofia não só se distingue da ciência, como mantém com as coisas uma relação que é o oposto da relação científica. Uma é o conhecimento do absoluto, e outra, do relativo. Um absoluto não poderia ser dado senão numa intuição, ao passo que todo o resto depende da análise.

Bergson chama de "intuição" essa espécie de simpatia intelectual pela qual nos transportamos ao interior de um objeto para coincidir com aquilo que ele tem de único e, por conseguinte, de inexprimível. Ao contrário, a análise é a operação que liga o objeto a elementos já conhecidos, isto é, comuns a esses objetos e a outros. Portanto, analisar consiste em exprimir uma coisa em função daquilo que não é ela.

Essa forma de conhecimento interior e absoluto contraria a tendência espontânea de nosso espírito. A inteligência, a ciência, a técnica, a vida social, etc., nos afastam das coisas e de sua interioridade, porque esta representa o ser contraído (tensão), enquanto aquelas atividades não podem organizar-se senão sobre o ser em repouso (distensão).

Para Bergson, a inteligência conceitual desloca a realidade do tempo para o espaço, suprimindo o fluxo que a constitui e fixando-lhe contornos precisos e permanentes, através dos quais ela se torna suscetível de ser "definida" e "utilizada". Nesse caso, a "durée" é materializada.

A matéria, na opinião de Bergson, é uma das metades da natureza, pela qual esta se distende e se faz conhecer fora de si mesma. A oposição entre matéria e espírito, entre tensão e distensão, não é concebida, aqui, em termos dualistas, mas como impulsos constitutivos da mesma "durée". Para ir de um a outro, a "durée" percorre uma série de alterações qualitativas.

Só podemos conhecer a "durée" instituindo-a no momento global e unido que compreende a sua trajetória. O seu fracionamento em instantes separados - em "paradas" ou imobilidades sucessivas - representa a espacialização do que é temporal. O tempo é "durée" na medida em que ele próprio constitui a substância, isto é, na medida em que "substância" é "alteração".

Depois de estudar a alteração, através da qual a "durée" se diversifica, Bergson procura identificar o processo oposto: o da unificação, o "reencontro do simples como uma convergência de probabilidade". O "élan vital" é a virtualidade da "durée". Como uma "gerbe" (um feixe), cria direções diferentes pelo simples fato de crescer. A "memória" integra os diferentes momentos da "durée", absolutamente diferentes entre si, mas unificados numa totalidade movente.

Henri Bergson recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1927.
 

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