terça-feira, 18 de setembro de 2018

BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO



PORQUE É DELES O REINO DOS CÉUS

Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”

Pode alguém ser feliz sendo pobre?

É talvez esta a pergunta que nos surge ao ouvirmos dizer «felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus» (Lc 6, 20).
Uma pergunta honesta, é certo, mas parte de dois pressupostos errados. 1. A felicidade é a meta da vida; 2. A pobreza é o rosto dos falhados.

O engano da felicidade

A literatura dedicada ao bem-estar pessoal e ao sucesso tem crescido imenso nos últimos anos. Qualquer livraria, hoje, vende títulos do género “O bebé mais feliz do mundo”; “388 respostas para ser mais feliz”, etc. Todavia – diz Enzo Bianchi – a felicidade é um dos mitos mais perigosos da cultura ocidental porque ela é sempre um valor individual e, em casos extremos, a felicidade de um pode ser a infelicidade do outro. No fundo, a felicidade é tida como um projeto individual de autorrealização (Pier Angelo Sequeri) que relega para segundo plano a vida das outras pessoas (cf. Jo 15, 12-15).
Esta ideia de felicidade está, infelizmente, presente na edição portuguesa da Bíblia. Ao traduzir-se makarioi por felizes é como se fosse dito que Jesus, à semelhança de tantos outros, quer propor mais uma via da felicidade. É um equívoco.
Makarios quer dizer beato, bem-aventurado ou abençoado (Blessed, como se encontra na versão King James). Por outras palavras, Jesus quer introduzir-nos na dinâmica da graça de Deus, que se rege por critérios diferentes dos nossos. Para nós, um pobre é um falhado ou desgraçado (sem a graça). Para Deus, é um abençoado. Mas, que tipo de pobre estamos a falar?

Pobres no espírito

O evangelista Mateus, quando comparado a Lucas, esclarece que se trata dos «pobres no espírito» (Mt 5, 20). O pobre no espírito é, para o Antigo Testamento, o humilde e o pequeno diante de Deus (cf. Gn 32, 11- 12). Já para o Novo Testamento é aquela pessoa que não gosta de se exibir (Lc 14, 7-11), de se comparar aos outros (Lc 18, 9-14) mas que com facilidade leva a toalha à cintura para servir os outros (Jo 13, 1-19). Só assim compreendemos que Paulo tenha dito aos coríntios que «Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9; Cf. Fil 2, 1-11).
O pobre vive sem falsidade e sem soberba no coração. Reconhece, por isso, que tudo quanto tem é dádiva. E, nada tendo, tudo tem. Já nós, tendo tudo, muitas vezes não temos nada (daí o mito da felicidade).

Vosso é o reino de Deus

Aos humildes, Jesus prometeu o reino e a comunhão com Deus. Mas quando virá o reino de Deus? Cristo diz que «o Reino de Deus não vem de maneira ostensiva. Ninguém poderá afirmar: “Ei-lo aqui” ou “Ei-lo ali”, pois o Reino de Deus está entre vós» (Lc 17, 20-21). Por outras palavras, o reino de Deus acontece sempre que Deus reina. E, para reinar, necessita da nossa pobre colaboração.
Agora sim compreendemos o sentido desta primeira bem-aventurança. Os pobres no espírito são todos aqueles que têm a coragem de se descentrarem de si mesmos para colocarem Cristo e o Seu reino em primeiro lugar (Mt 3, 11-12). O papa Francisco diria que este é o tempo de «primeirear» (Evangelii Gaudium 24), de tomar a iniciativa de se envolver nas situações limite que causam repulsa a tantas pessoas.
Voltamos, portanto, à pergunta que nos levou até aqui. Pode alguém ser feliz sendo pobre? Creio que sim. Mas é necessário darmos o sentido correto à felicidade. Feliz – felix – é uma pessoa fecunda e a fecundidade é a abertura à vida do outro. A felicidade não é, portanto, uma meta mas o reconhecimento que nós, pela graça de Deus, vivemos uma vida fecunda (felix) construindo o Reino de Deus. • Pe. Tiago Freitas.}
A PROPÓSITO DO ABANDONO DE LOCAIS DE TRABALHO PELOS ENFERMEIROS ABANDONADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE, EM PARTICULAR E PELO GOVERNO, EM GERAL, RECEBEMOS OS PIEDOSOS COMENTÁRIOS DOS I.U. DE SERVIÇO ÀS CAUSAS NOBRES E PARA OS CONSOLARMOS RECORREMOS À BÍBLIA, VISTO QUE O I.U. É UMA FIGURA LAICA MUITO PRÓXIMA DO POBRE DE ESPÍRITO OU NO ESPÍRITO.
Dada a sua pobreza, não dispõem de meios para ampliarem a visão e verem um pouco mais além.
Se vissem mais longe, notavam que o tempo da assistência por caridade e amor ao próximo (a das Irmazinhas), já passou à história e na assistência como um direito social assegurado, as prestadoras da assistência são profissionais com direitos e deveres inerentes à função. Esses deveres vendem-se, não se dão.
Ora quando o preço DO TRABALHO não acompanha o dito custo de vida e não há outros meios que não sejam os da luta para forçarem o patrão a aumentar os salários e a melhorar as condições de vida e de trabalho, os trabalhadores Enfermeiros têm direitos sociais como os outros, num Estado Social.
Para orelhas moucas é legítimo aumentar o volume ao som.
Passar das greves com serviços mínimos obrigatórios ao abandono dos locais de trabalho não é mais do que elevar o som dos ruídos que o desconforto do abandono da Classe provoca.
Numa perspetiva platónica, sendo os corpos os cárceres das almas, quanto mais depressa as libertarmos do cativeiro mais depressa vão para o reino de Deus. Digamos que o abandono do local de trabalho enfermeiro pode, neste platonismo, levar a uma utilidade prática da coisa, com benefício para o doente.
Os acima referidos I.U., que até, oferecem as costas para o seu dono lhes dar umas pancadinhas, como faz o Mouliére, antes de abrir o cenário, levantam cenários intimidatórios dos valentes que lutam por todos, incluindo os pobres no espírito.Mas quanto aos seus donos e nossos patrões, nem uma palavra de recriminação ou culpabilidade, por forçarem os mortais Enfermeiros a comerem o pão que o Diabo amassou, com o suor do seu rosto, como condena o Padre Eterno.
Vejam se crescem e se deixam de infantilidades, porque o assunto é dos adultos responsáveis pelo que fazem e não temem o que perdem, mas alegram-se com o que vão ganhar, lutando mesmo, para benefício dos tímidos "cagarororolas".
A FENSE
José Azevedo e Fernando Correia


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