sábado, 31 de agosto de 2013

SEMANA DE 40 E OS ENFERMEIROS

São constantes os contactos de colegas que se nos dirigem a perguntar se vamos tolerar que os Enfermeiros sejam excluídos do grupo dos privilegiados da semana de 35 horas, invocando regimes de excepção.
Temos dito e escrito que estamos a preparar um processo de contestação que vai começar por apresentarmos uma providência cautelar (SE e SIPE -FENSE), dentro dos prazos legais de contestação.
Mas não é o tamanho da semana de trabalho a nossa única preocupação; há outras e muito piores.
Quantos milhares de Enfermeiros, como o próprio Ministro da Saúde informou os seus colaboradores estão a fazer 40 e mais horas, por sistema?
Querem saber quem são?
Olhem para os vossos horários e para os dos colegas que vos rodeiam e contabilizem todas as sobras que se acumulam no final da escala mensal de cada um, mês após mês, sem qualquer garantia de pagamento, quer em tempo, quer em dinheiro!
Quantos são os chefes legítimos ou de conveniência (e aqui conveniência não é uma palavra vã, pois ajusta-se à situação) que têm coragem de resistir às imposições de não forçarem os seus subordinados a praticar horários que estão muito acima das 40 horas semanais, sem qualquer compensação, nem agradecimento, para honestamente, pelo menos, reconhecerem os favores que estão a fazer aos serviços?
O processo da 40 horas, para além do vergonhoso esquema que montaram para os Médicos, a quem não têm a coragem de catalogar como seres e cidadãos normais, vai servir para fazermos a guerra aos abusos de usarem os Enfermeiros, muito acima das 40 horas semanais, sem qualquer compensação que não seja a de ir acumulando o débito, à espera das 40 horas para o irem saldando.
Isto é vergonhoso, num país onde o sol quando nasce devia ser para todos e não é.
As pessoas que colaboram nesta farsa e fraude deviam ter mais respeito pela farda que vestem e mais justiça para com os seus colegas, com os quais ajudam a reduzir défices enquanto ficam indiferentes perante aqueles que aumentam os mesmos défices, com horas extraordinárias fictícias porque são feitas na cama, em alojamentos que exigem obrigatórios.
Alguns e algumas, ainda têm o desrespeito de nos provocarem, devendo saber ou imaginar quanto nos custa esta exploração desenfreada dos Enfermeiros.
Para os que têm memória curta, lembro-lhes que sendo eu Enfermeiro Director do CA do HSJ o Sr. Presidente do referido Conselho, com a colaboração descrarada da minha antecessora, montou uma farsa de estar o Enf Director a gastar muito dinheiro, com as horas extraordinárias dos Enfermeiros, que nunca pagaram, aliás. Colaborou na farsa o Sr. Ministro Correia de Campos, que até despachou a minha demissão já depois de ter deixado de ser ministro.
Os valores eram 17% do bolo das horas extraordinárias do Hospital, para Enfermeiros; 73% para Médicos, no mesmo período.
Alguns encarregados de fazerem desaparecer estes vestígios, com a pusilânime ajuda dos mais próximos esqueceram que tenho por hábito fazer cópias de segurança, que guardo à vista de toda a gente. Há cópia de tudo isto e do processo que moveram para a minha demissão.
A Enfermeira que me antecedeu no cargo de director e que se prestou ao papel de apunhalar o colega que a apeou, com 70% dos votos, porque se chegava lá por eleição; método que o mesmo Correia de Campos, esse azar que entrou no SNS, terminou, por ser muito arriscado, para os arranjos de conveniência, essa enfermeira simboliza as que se prestam aos mesmos papeis de rebaixar o trabalho dos Enfermeiros.
Certamente nem se apercebem, tal o grau de servilismo que querem transmitir aos colegas.
Entretanto já passaram 10 anos sobre estes acontecimentos que anunciavam o desrespeito que se abateu sobre os Enfermeiros.
Temos que ser rápidos e eficazes na recuperação.
Há quem diga que os Enfermeiros têm de se unir. É um facto e estamos de acordo.
Porém, antes da união vem a escolha dos objectivos e, só depois, se deve promover a união de esforços para os atingir.

1 comentário:

  1. Palavras, palavras, palavras.
    Verdadeiras, sim, sim, sim.
    Orientação???, Estratégia??? Acções???

    Procurem na lei e deitem cá para fora o que podemos fazer. Não é esperar que nos façam para correr depois atrás do prejuizo (pois, infelizmente, vivemos num clima de medo).

    Criem plataforma de sustentação e acção para que os Enfermeiros (TODOS) possam dizer NÃO aos múltiplos e variados abusos.

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