Os
comprimidos matam mais do que as drogas"- Allen Frances
Para: forum-usfan@googlegroups.com
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Allen Frances, um dos psiquiatras mais eminentes dos Estados Unidos, colaborador no DSM-III e director do DSM-IV vem agora por o dedo na ferida.
Publicou um livro An Insider's Revolt against Out-of-Control Psychiatric Diagnosis, DSM-5, Big Pharma, and the Medicalization of Ordinary Life, que critica a psicopatologização da sociedade, e que começa a ser traduzido para outras línguas.
Em declarações ao El Mundo, 14 de Setembro, refere:
"A indústria faz tudo o que pode para convencer a todos que estão doentes e precisam de tomar medicamentos. Gastam milhares de milhões de dólares em marketing e publicidade, que nos Estados Unidos também é dirigida aos doentes. A intervenção mais poderosa para combater o sobrediagnóstico e o sobretratamento seria travar o marketing das farmacêuticas. Foi isso que funcionou com as tabaqueiras, que eram igualmente poderosas há 25 anos."
(...)
"Precisamos de reeducar os médicos e o público e dizer-lhes que a medicação provoca danos, não apenas benefícios, de que nem todo o problema humano advem de um desequilíbrio químico, que a tristeza não se deve tratar, que o diagnóstico psiquiátrico é difícil de fazer e que se perde demasiado tempo com este e, em muitas ocasiões, várias consultas com o doente. Alguns dos problemas partem dos próprios cidadãos que, logo à partida, pedem comprimidos. As pessoas têm de aprender que os fármacos podem ser perigosos para si e para os seus filhos. Apenas em raras circunstâncias tomar um medicamento será a melhor solução. Actualmente, nos Estados Unidos, os fármacos de prescrição matam mais por sobredosagem do que as drogas de rua. As farmacêuticas causam mais mortes do que os cartéis de droga."
(...)
"Se as pessoas percebessem o efeito placebo, teriam menos fé em comprimidos. A maioria das pessoas procuram o médico no pior dia da sua vida. Quando saem com um comprimido para tomar, irão melhorar, mas se a consulta terminar sem um comprimido, também melhorarão, isto porque os seus próprios mecanismos de defesa levarão a isso. A taxa de resposta positiva ao placebo é superior a 50% e a dos fármacos é de 65%. Poucas pessoas beneficiarão do fármaco, (15%), mas todos os que o tomarem sofrerão os seus efeitos secundários. As pessoas sobrestimam os benefícios porque não consideram o efeito placebo, nem os danos dos fármacos. Um público bem informado é o melhor contra o sobrediagnóstico e o abuso terapêutico. E a melhor forma de proteger as crianças."
[Eu bem dizia, ao divulgar os "inventores das doenças" -José Azevedo]
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