Ó vós que passais, respondei se haverá dor maior do que a minha, ao ver a insistência no erro e o apelo ao paradoxo para justificar um paradigma irreal.
Trata-se de tapar os buracos da saúde com aqueles que os abrem.
A anedota dos dois trabalhadores que andavam; um abria um buraco e o outro, que vinha mais atrás, depois de o outro da frente abrir o buraco, o de trás tapava-o.
Um observador atento, que passava, resolveu perguntar a razão de ser daquele comportamento responderam: os buracos são para plantar árvores, mas o colega que devia pôr as árvores, no buraco, adoeceu e faltou.
No paradigma desta nova normalidade as soluções para corrigir as deficiências da saúde só têm um caminho; contratar médicos e deixar vagas em aberto para quando os houver, sobretudo nos especialistas em Medicina Geral e Familiar.
Faz-nos doer ver um ministro da saúde demonstrar tanto desconhecimento do que é a problemática na saúde. A força e a subordinação ao paradigma médico é de tal ordem que para além dele, não consegue ver mais nada.
Não haverá alguém que lhe dê o conselho de ir dar uma volta pela Europa ou América e ver como é que os países que estão no topo da tabela resolveram estas carências.
Contratar dois mil Médicos...
Quando dará este Ministro mostras de perceber o que é um Médico e o que é um Enfermeiro?
Que lhe adianta contratar mais Médicos se não contratar mais Enfermeiros para prestarem os cuidados de que as pessoas que entopem as urgências, precisam no seu meio natural, para as não entupirem.
Quer fazer reformas e entrega, mal aconselhado, versão moderada da sua responsabilidade, aos mesmos que são os responsáveis pelo "satus quo" e a reforma faz que anda, mas não sai do sítio.
Então nos Cuidados Primários, onde o figurino do Médico de Família e da USF está a demonstrar que não são a melhor opção em confronto com as Unidades de Cuidados Comunitários, totalmente, sob a iniciativa e controlo da Enfermagem, lutam com enormes dificuldades, que vão desde as instalações, com todo o tipo de carências, que estoica e heroicamente vão ultrapassando, até a atropelos várias com o sorripiar de Enfermeiros, para outras Unidades coordenadas por Médicos.
Os lobos que dominam divertem-se a criar dificuldades a estas bravas Enfermeiras com a cumplicidade passiva do Ministério da Saúde.
Por que demora a encarar-se de frente esta problemática?
O Sr. Ministro devia saber e se não sabe, devia perguntar a quem sabe, como se fazem as coberturas dos cuidados de saúde sem ser com Médicos?
Ainda não percebeu a origem ôntica das USF?
Ainda não conseguiu identificar as manifestações espontâneas de falta de Médicos e a ausência de manifestações por falta de Enfermeiros?
Estes sinais contraditórios não o fazem perceber a coisa?
Ainda não percebeu que os Médicos estão a fingir-se ocupados, a fazerem coisas, que nem sequer sabem fazer, nem precisam, porque não as aprenderam e são nitidamente da lavra dos Enfermeiros.
Quando dará sinais de perceber que são os Médicos que lhe irão passar a certidão de óbito, mas são os Enfermeiros que lhe cuidarão do cadáver. O problema é saber discernir sobre o valor de cada um destes gestos profissionais.
Quando há-de perceber que a solução não é contratar mais Médicos é racionalizar a sua utilização, à custa do erário público, que podia gerir, realmente, mais bem.
Será que temos de pedir ajuda a Matthias Rath, Médico alemão do "movimento vida"; ou a Paulo, meio médico português, sobre as causas do bloqueio às soluções que se impõem clarissimamente?
"Até quando ousas abusar da nossa paciência, ó Catilina" (In catilinárias de Cicero)
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