quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

CHEFES NOVOS COM VLHOS TIQUES

A Enfermagem está mesmo com azar;
e se não fosse a sua natureza  de resistência à adversidade teríamos mesmo sérios riscos de sobrevivência.
Não obstante os encontrões, que leva, de todos os lados, até daqueles de onde não seria de esperar algum, vai cumprindo o seu papel, impelida por uma força anímica, muito sua, que vem do seu âmago, por isso se impõe e com ela se fortifica.
Tem um inconveniente este "elan vital", qual força motriz, que a faz superar as dificuldades de situações novas, em constante devir; é o de iludirmos os que nos julgam frágeis e domáveis.
E o tempo vai ajudando a orientar um sentimento de revolta, sem que esses bacocos todos, e são inúmeros, se apercebam que tal como o aço mais elástico não parte, também a nossa força se há-de impor, percorridas as etapas do nosso "calvário".
Ainda havemos de ver os professores de Enfermagem a irem para os campos de treino, com os robots debaixo do braço, para saberem detectar, comparando, quais as diferenças que há entre o ensino no boneco, por mais guizinhos que toquem e o ser humano de carne e osso: autêntico.
Ainda havemos de ver as novas chefes, algumas escolhidas com ituitos perversos, a deixarem de dar tantas provas mesmo de estupidez vaidosa, não sabendo que o seu êxito, nessa função está na capacidade de encarar o seu subordinado com vida própria, que pode estar distante, daquilo que essa nova chefia pensa da vida pessoal de cada Enfermeiro, se é que pensa alguma coisa acerca disso, ou de qualquer coisa. 
Ainda esperamos ver esses pedaços de coisa vazia, encherem a sua capacidade pensante em estado virgem, neste momento, com os problemas pessoais dos seus subordinados.
E, em vez de se divertirem com eles, complicando-os, para demonstrarem poder (pobres dos pobres), hão de aprender como se conquista a autoridade, perante os subordinados e o respeito destes, para com as chefes, agora menos esclarecidas e portadoras de velhos tiques sem as compensações de contrabalanço, que não possuem; são dois em um, os azares...
 
Querem alguns exemplos?
 
1º Um Enfermeiro/a vai à sua chefe e pede-lhe um horário compatível para exercer o seu direito a ser trabalhador estudante.
A sua chefe, nova vaga, que só não personifica o calhau perfeito, porque se lhe vêem dois olhitos autistas a brilhar nas órbitas, onde se movem, inutilmente, diz que não é possível, antes fazer qualquer esforço ou tentativa de resolver um problema, este ou qualquer outro, pois não se sabe, onde aprendeu a devolver aos seus subordinados os problemas, que dizem respeito a ela/ele, transformando a função chefia numa coisa inútil  e, todavia, altamente apetecível para os que gostam de levar a vida, sem complicações.
Neste ritmo desinteressado e desinteressante, entra em contacto com o escalão de cima, que não entende o que é o estatuto de estudante, que trabalha noutra coisa, porque esse escalão fez toda a sua formção com bolsa de estudo, tem  outra maneira mais subtil de intimidar; certifica-se se a vítima gosta do serviço, onde trabalha e, a partir da resposta traça o seu plano, invarivelmente diabólico, tenebroso.
Se a vítima tivesse uma percentagem de ruindade suficiente, embora distante da da hierarquia, devia dizer que detesta o serviço, onde está, para obter efeitos contrários aos da mente perversa de quem vai ameaçar:  «se continua a levantar problemas transfiro-o/a de serviço», deixando a vítima entregue ao dilema de precisar de adequar horário, mas não pretender mudar de serviço.
Claro está que este, como qualquer outro dilema, paraliza as pessoas.
Os mais afoitos, ainda esperançados, sobem mais um degrau e vão à directora enfermeira.
Houve uma das vítimas, que arriscou mesmo dizer que se tinha informado, acerca dos direitos, no Sindicato e que este lhe garantiu ter direito a...
Resposta pronta e não menos ignorante: - «Escusa de me vir com o sindicato porque isso a mim não me mete medo». Pobre coitada que nem consegue perceber, que o medo é postiço: quem não o tem, põe-se-lhe, não é!
Se tivesse o hábito de pensar, veria que Sindicato não é o presidente, o secretário e o tesoureiro e os vogais; é toda a massa associativa de que o seu interlocutor é uma célula desse corpo, que lhe devia merecer respeito e não fonte de temores.
Há duas vias para humanizarmos estas chefias mal amanhadas:
1 - Probematizarmos-lhes a função ao ínfimo pormenor, exigindo-lhes soluções que apelem para exercícios mentais, onde se pode implantar o medo, até da incapacidade;
2 - Esta mais suave é proporcionarmos-lhes acções de formação onde possam ver espelhadas as suas atitudes asnáticas, indicando-lhes as mil e uma maneiras de encontrar soluções para as problemáticas com que se confronta uma chefia capaz, plena de autoridade moral e respeito profissional.
Seja qual for a via escolhida, impõe-se encarar, seriamente este problema, pois é aqui que começam e se radicam muitos dos problemas de endurecimento da função enfermeira, já de si complexa, para quem a exerce conscientemente.
Já agora, garantimos que preferimos que usem a nossa autoridade legítima, no bom sentido, sobretudo respeitando o que propomos para ajudar a resolver problemas, muitos deles bem simples e ao alcance, até de mentes, desprotegidas e desfavorecidas.
Como desejaríamos não ter fundamento para dizermos estas coisas!
Por favor; poupem-nos estes dissabores.
Com amizade,
José Azevedo

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