O Povo diz esta máxima, por experiência
própria, assimilada ao longo dos anos, e da figura que faziam os sapateiros,
quando se punham a ir além do chinelo, tentando dar-nos música. Faziam sempre
má figura. Por isso, foi exarado, no livro da sabedoria popular, o adágio em
epígrafe.
É, assim, com os nossos
administradores e chefias, que não sabem o terreno que pisam, nem as
circunstâncias, que o rodeiam.
A Enfermagem é uma profissão
essencialmente feminina, eis uma das circunstâncias previstas.
As suas origens vamos bebê-las, no
antigo gineceu da família, onde o homem, só entrava para nascer e para morrer,
isto quando as famílias eram grandes e inter-geracionais.
Esta situação tem consequências,
quando da prática doméstica, se passa à institucional pública.
Há dias, uma das mulheres
Enfermeiras, que merece o louvor da raça, porque está a dar o seu contributo
para a renovação e propagação da espécie, tem o direito, bem magro, aliás, de
poder dar assistência ao seu rebento, com um horário adequado, condição mínima
essencial.
Agora, pasmem; num Hospital com
17 0 18 centenas de Enfermeiros, ou mais, calharam duas Enfermeiras no mesmo
serviço, com crianças a requererem apoio materno, logo, a dormirem de noite e
estarem alerta, de dia.
Só poderiam dar horário adequado
a uma delas, alternadamente. Miséria das misérias…
Depois, vem o diretor dos
Recursos Humanos arengar que tem de compreender que só podem dar horário a uma
das mães, ainda que sabendo que não estão a dar nada, mas a conceder uma regra,
que a maternidade impõe.
Há bastantes anos que se concluiu
que há uma ausência permanente, de cerca de 30%, de Enfermeiras, por gozo das
várias licenças, nomeadamente, a da maternidade. Seja qual for o sistema de
gestão, terá de contar com as ausências inerentes à condição feminina e
fazer-lhes frente, com substitutos adequados, claramente.
Se não se tratasse de serviços de
humanização
permanente, ficamos com algumas dúvidas acerca da humanidade destes
humanizadores, que usam o espeto de pau, em casa de ferreiro.
As filhas do Salazar ficaram
conhecidas por não poderem casar e trabalharem em Hospitais públicos… mas
podiam ter filhos, curiosamente.
Este pequeno nada queria dizer;
se pretendem ter filhos, o Hospital Público, não reconhece à mãe, qualquer
direito de assistência materna.
Será que esta forma de pensar;
“salazarou-se” e mantém-se em vigor, no espírito e na letra, apesar de tantas
coisas que aconteceram, à volta dos Hospitais públicos e das mães!
Esta mentalidade tem de ser substituída
pela de quem perceba que uma profissão essencialmente feminina, comporta uma
carga própria, que convém ter em consideração, para quem administra estes Hospitais,
pois não pode fazer tábua-rasa dos direitos humanos, um dos quais é o filho
poder contar com a assistência da mãe, no seu crescimento, em tempo oportuno e
não antes ou depois de…
Vamos lá a ter maneiras e a ser
criativos na organização dos serviços, sem estar a transferir vergonhosa e
preguiçosamente, a obrigação de prever e ajustar estas condições humanas, para
as próprias mães, ainda que não tenham acompanhado os seus, se é que os têm!
Mostrem que ser chefe ou
administrador de recursos humanos é coisa complexa e para levar a sério, não
toda a gente quer ser isso, por ser tão cómodo, o cargo…
Sem comentários:
Enviar um comentário