terça-feira, 2 de abril de 2013

Assiduidade, uma Tentação



Andam a fazer umas pesquisas para ver quem cumpre e quem não cumpre os horários.
Já encontraram algumas irregularidades nalguns hospitais, na montagem do material de recolha de registo da presença efetiva. Ficou a meio porque as peças não estavam todas.
 
Como foi o HSJ o primeiro a dar caça aos infratores e, depois a ter de arquivar os processos pois não se confirmaram as faltas de assiduidade.
Não sabemos se há alguém que acredite na eficácia do controlo, à HSJ, que merece todos os elogios e publicações destacadas a carecerem, elas próprias, de explicação para tanto interesse jornalístico.
Como diz o Povo, quando a esmola é grade o pobre joga à defesa e duvida.
 
Ouvimos o arauto lá do sítio apregoar aos 4 ventos, que havia quem fugisse ao controlo ou, o que é pior, estando presente, não está disponível para operar ou fazer consultas. Ou passear pelos corredores.
 
Foram notícias que abalaram o país, tal a forma escandalosa e propagandística como a notícia foi dada.
 
O principal responsável a falar dessas coisas, como se entre ele e elas, as tais coisas bizarras,  houvesse um outro alguém a que estivesse a pedir responsabilidades; uma espécie de espíritos malignos, que andam pelo mundo, para perdição das almas.
 
Demonstrou uma grande falta de saber histórico e leu o real, como o D. Quixote, pelo paradigma caduco. Por isso os rebanhos parecem-lhe exércitos, os currais, parecem-lhe castelos e, até os odres do vinho, lhe parecem gigantes. Mas faz figura.
 
Se recuarmos ao tempo da assistência por caridade e amor ao próximo, o Médico era um dos benemerentes, pois não faturava na assistência que prestava aos que não tinham onde cair mortos.
Quando aparecia o que ainda tinha uma leirita ou a vaquinha, esse ia para uma espécie de casa de saúde privada e servia de moeda de troca, no processo do “vão-se os anéis e ficam os dedos”.

Que é que mudou, de então para cá?
 
A medicina privada dentro dos próprios Hospitais?
 
A falência de algumas dessas casas de saúde?
 
Não é esta uma das medidas que o Ministério vai tomar; banindo a privada, nos hospitais públicos, onde há Médicos pagos pelo Estado para fazerem medicina privada, dentro dos Hospitais, em horários adequados, claro está, onde também fazem a pública, que vai desde o SIGIC a outros esquemas igualmente engenhosos!
 
Uma pergunta muito estúpida, mas que é oportuna:
 
Qual será o interesse de a Classe Médica exercer o controlo total sobre a Saúde e instituições de doenças várias, se não tiver nada relacionado com um conjunto de facilidades que o “self-controle” deixa passar em branco?
 
Tirai dos Hospitais a possibilidade da balda e vereis, quanto tempo demora a instalar-se o desinteresse pela gestão dos serviços e dos hospitais!
 
Não podemos esquecer que esse esquema de funcionalização do Médico, não só o obrigou a criar Sindicatos, de que não precisava como profissional liberal, como manteve a natureza de benemérito nos serviços que presta, nos hospitais, como funcionário especial, cujo cumprimento das normas não pode ser posto em causa.
 
Não sabemos quanto tempo vai demorar a criação de condições para que um novo paradigma surja, onde a Classe Médica, sobretudo alguns, assuma um novo paradigma em que se considere funcionária e não exercício liberal, quando está sujeita ao estatuto de funcionário público, com os respetivos direitos e deveres.
 
Vamos esperar para ver; entretanto, o gabinete de fabrico de imagem do palrador, lá vai dizendo que é o maior e, sobretudo, o único.
 
Quem nos dera podermos ter uma dose tão grande de fé, para podermos acreditar nestas coisas.

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