terça-feira, 5 de janeiro de 2016

HÁ MAIS QUE UMA RAZÃO PARA OS ENFERMEIROS SEREM OS MAIS MAL PAGOS

{Estudo alerta: os enfermeiros são os funcionários públicos mais mal pagos

Ricardo Nabais |

28/11/2014 14:02

  
Os enfermeiros são os profissionais mais 

mal pagos do sector público 
Shutterstock
Estudo alerta: os enfermeiros são os funcionários públicos mais mal pagos

Se compararmos salários com o nível de formação exigido para o exercício da profissão, os enfermeiros são os profissionais mais mal pagos do sector público. A conclusão é da historiadora Raquel Varela, coordenadora do Grupo de Estudos do Trabalho da Universidade Nova de Lisboa, num artigo publicado na revista especializada daquele grupo profissional, Enfermagem e o Cidadão.
A degradação profissional acentua-se, ainda, com o aumento dos turnos com horas extraordinárias para se evitar a contratação de novos profissionais
Além das remunerações abaixo da média, os enfermeiros estão ameaçados com a volubilidade das leis laborais. As relações de trabalho já não são o que eram: tal como noutros sectores profissionais, a precarização parece começar a ser regra, acentua a investigadora no referido artigo, citado por um comunicado da Ordem dos Enfermeiros, com profissionais despedidos para serem readmitidos como trabalhadores precários, o que lhes degrada a remuneração e a estabilidade laboral. Passam, nestes casos, “a ganhar em média 30 a 40 por cento menos” de salário.
A degradação profissional acentua-se, ainda, com o aumento dos turnos com horas extraordinárias para se evitar a contratação de novos profissionais. As poupanças a este nível são ineficazes, alerta a Ordem, citando a historiadora – “Os exemplos de investir em cuidados de enfermagem são quase infinitos. E todos eles acarretam melhores condições laborais para os enfermeiros, melhores cuidados de saúde para a população e gestão mais eficiente dos orçamentos públicos de saúde”, diz, e adverte ainda para os riscos da subcontratação e dos serviços privados dentro do Sistema Nacional de Saúde, que “têm criado simultaneamente menos produtividade e mais lucro – tudo à custa dos salários dos profissionais de saúde”.
ricardo.nabais@sol.pt}





Estupidamente, pois só os estúpidos é que têm o privilégio de falar assim, dizem; a culpa é dos Sindicatos, para afastarem os Enfermeiros da sua tábua de salvação...

Por que é que Enfermeiros com 20 anos de profissão estão a ganhar o mesmo, que os saídos, ontem da faculdade: 1201€, embora seja vencimento de não licenciado com uma licenciatura de grau 3 de complexidade de exercício?

Vai ser doloroso e trabalhoso, mas vão ser os Enfermeiros a analisar as causas e;
Feito o diagnóstico da situação, aplicar-lhes a terapêutica eficaz. Só eles, mais ninguém.

Antes de tudo, o velhote, como o outro valentão trata "je, moi", é um dos grandes responsáveis pela criação da Ordem dos Enfermeiros.
Contudo, não teria criado o elefante branco, montado numa super estrutura, parecida com o SEP:

Porquê e para quê?

É para estas perguntas que os Enfermeiros têm de encontrar as respostas reais e aplicá-las, sem ilusões cúmplices.
A Ordem dos Enfermeiros foi criada, como qualquer outra, para regular o exercício da Profissão.
Aqueles que encaminham a capacidade de revolta dos Enfermeiros, às injustiças, para a sua Ordem, onde a afogam, no nada, são os grandes responsáveis, pela fraca reacção dos Enfermeiros às patifarias, que lhes fazem e com as quais alguns Enfermeiros colaboram, porque não tendo nada na mioleira, que produza ideias válidas, deixam-se arrastar, como "cagalhões" rio abaixo, ao sabor da corrente, pela vaidade do penacho e colaboram, às vezes e, felizmente, só alguns, alegremente, com quem os incensa, isto é; os nossos predadores, que encaminham para o deserto, onde fazem explodir, sem consequências práticas, o sentimento de revolta, cada vez maior e mais profundo, que se está a desenvolver na Classe, mas demasiado lentamente, para o nosso gosto e vontade.

Oxalá os novos inquilinos da Ordem tenham a capacidade de reduzi-la à sua dimensão legal, objectiva e concreta, ou seja; circunscrita aos fins para que foi criada, antes que tenha o mesmo coro de críticas com que mimoseiam os Sindicatos, apesar de todos diferentes.

Oxalá não queiram armar-se em fazedores de condições de vida e de trabalho, iludindo os Enfermeiros, com promessas, que não têm capacidade legal de cumprir, para além das meras recomendações de piedosas intenções, num diálogo de surdos; foi assim, nos anos da fraude e da farsa, em que muitos Enfermeiros foram enganados.
Não caiam na tentação de culpar o velhote, seus figurões da treta, por lembrar estas verdades, que, para ele, são mais amargas do que para qualquer outro, que não capte a essência destes desvios da capacidade reactiva dos Enfermeiros, para o deserto, como se fazia, antigamente, aos bodes expiatórios, onde iam morrer, longe, expiando por culpas, que não tinham.

Pensai nisto e vede se faz ou não sentido; não se iludam nem iludam os Enfermeiros.
Não digam, amanhã,que o velhote não avisou!
E não o faz por gosto, mas por necessidade de recentrar a capacidade de luta da Classe, para conseguir as condições de vida e de trabalho a que esta tem direito, por mérito próprio, deixando de ser alvo da chacota e os pobrezinhos da função pública.
Só abatendo os enredos, que nos enredam,  podemos aspirar e conseguir uma vida melhor!

José Azevedo

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Aqui tendes uma boa fonte de inspiração, que herdamos de José Régio

{Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces 

Estendendo-me os braços, e seguros
 
De que seria bom que eu os ouvisse
 

Quando me dizem: "vem por aqui!
" 
Eu olho-os com olhos lassos,
 

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
 

E cruzo os braços,
 
E nunca vou por ali...
 


A minha glória é esta:
 

Criar desumanidade!
 

Não acompanhar ninguém.
 

- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
 

Com que rasguei o ventre à minha mãe
 


Não, não vou por aí! Só vou por onde
 

Me levam meus próprios passos...
 


Se ao que busco saber nenhum de vós responde
 

Por que me repetis: "vem por aqui!"?
 


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
 

Redemoinhar aos ventos,
 

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
 

A ir por aí...
 


Se vim ao mundo, foi
 

Só para desflorar florestas virgens,
 

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
 

O mais que faço não vale nada.
 


Como, pois sereis vós
 

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
 

Para eu derrubar os meus obstáculos?...
 
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
 

E vós amais o que é fácil!
 

Eu amo o Longe e a Miragem,
 

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
 


Ide! Tendes estradas,
 
Tendes jardins, tendes canteiro
s, 

Tendes pátria, tendes tectos, 

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
 

Eu tenho a minha Loucura !
 

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
 

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
 

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
 

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
 

Mas eu, que nunca principio nem acabo,
 

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
 



Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
 

Ninguém me peça definições!
 

Ninguém me diga: "vem por aqui"!
 

A minha vida é um vendaval que se soltou.
 

É uma onda que se alevantou.
 
É um átomo a mais que se animou...
 
Não sei por onde vou
, 
Não sei para onde vou
 

 Sei que não vou por aí! 

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo' }






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