terça-feira, 19 de janeiro de 2016
RECORDANDO UM GRANDE ENFERMEIRO - CADIMA DE SEU NOME
Artur Cadima era o Enfermeiro Chefe do Centro de Saúde Mental de Bragança.
Tecnicamente, foi desenvolvido, por ele, um projecto mais adequado aos doentes daquela região: a agricultura.
O Centro de Saúde está instalado, numa quinta.
O resultado das culturas e o leite, que as vacas produziam, abastecia o Hospital de Bragança e, em troca, era fornecida, pelo Hospital, toda a alimentação para os Doentes do Centro de Saúde Mental.
Para director do CS, foi nomeado o Dr. Camilo, Médico e Padre Jesuíta.
O relacionamento de ambos era bom, até que;
O tribunal solicitava, ao Dr. Camilo, pareceres sobre presos, que se refugiavam na inimputabilidade.
Como o número de pedidos de parecer era considerável, o Dr. Camilo desabafou, com o Chefe Cadima que lhe sugeriu que respondesse ao juiz que não tinha tempo. E o Dr. Camilo aceitou o conselho e oficiou o Tribunal, nesse sentido.
Quem não gostou da resposta foi o juiz, que despachou:
"O tribunal multa o Dr. Camilo, em 10 mil escudos e, quanto à falta de tempo, se não resolver esse problema, posso prendê-lo por uns dias, até acabar os pareceres.
O Dr. Camilo passou a eleger o Chefe Cadima como inimigo de estimação, que acabou, num período de suspensão de meio ano, com as malabarices, que o Dr. Camilo engendrou, em colaboração com outros cúmplices.
O Sindicato dos Enfermeiros - SE iniciou um grande processo de recuperação do Chefe Cadima, que resultou no seu regresso à função e na destituição do Dr. Camilo, que voltou ao Hospital de Magalhães de Lemos, onde acabou os seus dias.
Como o Chefe Cadima não retomasse a função de chefia, levantada a suspensão, porque havia uma Enfermeira, não chefe, que se aproveitou da desgraça do chefe e não saía do lugar dele.
Sendo eu assessor, sem salário, do Secretário de Estado, Dr. Paulo Mendo, a expensas próprias, lá fui levar a ordem de execução da retoma da função de chefia de Cadima, a Bragança.
Quando dei por ela, estava numa sala para a qual convoquei os Enfermeiros para lhes ler o teor do despacho, onde compareceram todos os restantes: doentes, pessoal administrativo e, avisado pelos cúmplices, o Dr.Camilo, em pessoa, que me foi dizendo, que eu estava metido em maus lençóis, pois estava a meter-me com o último representante do rei de Portugal.
Como V. Alteza Real, já está demitido de director do CS Mental de Bragança, é melhor preparar as malas, para regressar ao seu reino do Hospital de Magalhães de Lemos. E regressou 3 dias depois.
E Cadima retomou a função de chefia.
Mas o Dr. Camilo tinha, enquanto fazia urgências, no Hospital de São João, um jeito para chamar Micas e outros epítetos, às Enfermeiras, que se sentiam ofendidas e choravam.
Um belo dia fui confrontado com a situação e chamei, ao meu gabinete, o Dr. Camilo, onde lhe segredei, ao ouvido:
Se quer humilhar as mulheres treine na sua mãe ou nas suas irmãs ou nas filhas delas.
Mas se voltar a tratar as Enfermeiras, como costuma, não as respeitar como deve, vou deixar-lhe um sinal, que lhe avive a memória. Tome o peso a esta cadeira e lembro-lhe que há mais iguais, espalhadas pelo serviço...
Quando, em Bragança, o Dr. Camilo quis saber quem era o mensageiro do Secretário de Estado da Saúde lembrei-lhe o episódio do serviço de urgência do HSJoão, como cartão de identidade da minha pessoa. E esse lembrete levou-o a sair, imediatamente, do salão.
O Dr. Camilo, já faleceu.
Cadima aposentou-se e regressou a Albergaria de onde é natural.
Este pequeno escrito assaz reduzido, comparado com o tamanho do sofrimento que a família Cadima viveu, injustamente, serviu, para eu adquirir um certo treino, na forma lógica de fazer justiça, quando aparecem uns mauzões a quererem fazer pouco dos Enfermeiros.
Ontem, como hoje!
Com amizade,
José Azevedo
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