O medo vem de dentro de nós, para fora; é uma invenção nossa em determinadas circunstâncias.
O susto vem, de fora para, dentro e actua ao nível dos nossos sentidos, cujos reflexos servem para nos resguardar a pele e o recheio.
Mas esta invenção do medo dá muita utilidade prática ao que sugere o medo, como arma de defesa.
Por exemplo:
1. experimentem dizer aos vossos chefes que estão a agir de determinada maneira, porque foi a disciplina sindical que impôs determinado comportamento. A resposta imediata, seja quem for a dá-la, sobretudo se é pessoa com poder; não quero sindicato metido nisto. E o sindicalizado nem pergunta por que não quer o Sindicato metido na defesa dos vossos direitos.
Mas devia verificar, olhando por cima do ombro, que, não obstante, o chefe ou director, ou impostor não gostou e ficou preocupado/incomodado, com a possível intervenção do Sindicato. Só para saborear esse espectáculo, por merecida vingança, vale a pena ensaiar o método.
2. Ainda há pouco, poucochinho, acabei de atender uma colega que não é voluntária para conduzir viaturas. Integra uma UCC e só ela e mais 3, num total de 7, é que não conduzem a viatura de serviço. A coordenadora diz que tem de conduzir, senão... há muita gente que queira trabalhar!
Se isto quer dizer que substitui a Enfermeira por outra (que eventualmente não queira conduzir viaturas de serviço, há um empate; mas se se refere a motoristas desempregados, então está a ser mais inteligente, pois deixa livre a Enfermeira para fazer Enfermagem, deixando aos outros da respectiva especialidade (a condução da viatura), aquilo que sabem fazer melhor que a Enfermeira e a esta, a total liberdade, para cumprir as matérias funcionais do seu contrato de Enfermeira.
3. Por que teremos que estar a perder tempo, no combate a estas faltas de respeito, pelos colegas, atropelando as profissões de outros: motoristas, lixeiros, médicos. E por falar nestes últimos, sabiam que, lá no sítio, eram os Enfermeiros (por causa dos ciumes, suponho) que iam conduzir as viaturas que transportavam os médicos aos domicílios, que não eram feitos pelo telefone e, enquanto o médico ia receber os 30€ por cada, o Enfermeiro ficava, na viatura a encarecer a função, deixando de fazer o que devia, chuchando no dedo?
Não sentem um pouco de vergonha nestas cedências de autêntico desrespeito ao caracter profissional ou mesmo pessoal!?
4. Claro está que, aqui, o medo é manta que cobre e silencia a consciência mais ousada, mas não temperada.
Enquanto eu espero e desespero, por ver chegar a reforma que reforme as reformas que os filiados na seita do «cada macaco no seu galho», têm vindo a fazer, cansando-nos com, cada vez mais, do mesmo.
Colegas, parem um pouco, para pensarem um relâmpago, nestes abusos, nestas faltas de respeito...
Comecem a dizer, quandos vos desrespeitam, na função: «não faço isso porque o Sindicato não deixa...».
E contem-me o resultado, porque eu sou coleccionador de curiosidades.
Com amizade,
José Azevedo
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E O MEDO NÃO SE FOI EMBORA
Mas tem de ir.
Quando se fala no sindicato, neste SE, sinto nos colegas, o medo de serem descobertos que vieram consultar o Sindicato para denunciarem as ilegalidades de que são vítimas.
E até nos pedem o impossível: ficarmos calados, para que a sua chefia ou direcção não descubram que estiveram aqui, a tentar resolver o seu problema.
Claro está que um Sindicato sério e a sério deve impor respeito, não incutir medo; deve usar a autoridade antes do poder.
Ainda não perdi a esperança de ver, um dia, que está para nascer, em que as chefias bem formadas vão aprender a usar esta força em proveito da resolução dos problemas de escassez de recursos com que todos, mais ou menos se debatem.
Deviam ser eles a aconselhar os seus subordinados a dirigirem-se ao Sindicato e a sindicalizarem-se para se poderem dirigir ao Sindicato, para resolverem os problemas de ilegalidade e violência de que são vítimas e com os quais dificultam a vida a quem chefia, porque tem de fazer omeletes sem ovos.
E o estado a que a Profissão chegou, resulta exactamente deste medo e desta falha na maneira de pensar errado.
A que deus ou diabo obedecem as chefias para não sentirem a necessidade de recurso a uma organização profissional que se destina, precisamente a defender os problemas com que a Classe se debate sem solução.
Ora esta afirmação não vai além duma boa intenção!
Mas de boas intenções está o inferno cheio, que o mesmo é dizer: não produzem efeitos práticos.
Foi esta ilusão de ótica que ajudou a afundar a Enfermagem.
A Ordem defende o Colectivo da Classe, não a pessoa que, tem medo pessoal.
É dever nosso esclarecer e não iludir, doua a quem doer.
Como nós desejamos que os Enfermeiros percam o medo de se defender!
Mas, claro está, não à custa de outros medos por deslocação dos originais.
Isto não é um desmancha prazeres; é por as coisas nos seus devidos lugares, ou seja: "cada macaco no seu galho", como diz o outro. (Ler o blogue para saber quem é o OUTRO.
Com amizade e, sempre atento,
José Azevedo
Com amizade e, sempre atento,
José Azevedo
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