domingo, 23 de fevereiro de 2014

OS ENFERMEIROS ESTÃO DE QUE LADO?

Todas as moedas têm 2 lados: caras/coroas; verso/reverso;

Tudo que é natural tem um lado e o seu oposto: eu/outro; sim/não; alto/baixo; esquerda/direita; uno/múltiplo.
Se é assim, no plano teórico, não é diferente no plano prático.
Receita/despesa; eis o dilema dos administradores; Ministros, Secretários, Tesoureiros...

É preciso aumentar as receitas;
É preciso cortar nas despesas: esta é a música que diariamente nos entra pelos 5 sentidos com que a natureza nos dotou, para orientação sensorial. A imagem que nos entra na memória, depois destas percepções sensoriais, é um sentimento de tristeza e de serena revolta!

Cada Enfermeiro se interroga:
Como é possível tanta injustiça para com os Enfermeiros?
Como foi possível desvalorizar tanto o nosso trabalho, tão duro e desgastante?
Como é possível usar tantas manobras de adiamento da solução dos problemas que nos afectam?

Tal situação só é possível, porque os Enfermeiros estão colocados na rubrica da DESPESA.

Recordamos aos mais esquecidos que, ainda há bem pouco tempo; o Ministério da Saúde soube dizer quantos milhões de euros pagou em contratações extraordinárias de Médicos de discutível utilidade, só possível num SNS que resiste à imperativa sistematização medico-excêntrica.
De igual modo, recordamos que o mesmo Ministério não foi capaz de dizer quanto gastou com a contratação extemporânea de Enfermeiros e outros, no mesmo período.

Vamos convidar-vos, vós que tendes o hábito e a coragem de nos ler, a reflectir sobre as injustiças e assimetrias ou desigualdades deste país:
A razão dessa ignorância está fundamentada na circunstância de os Enfermeiros estarem indexados à rubrica das despesas, misturad0os com sacos de arroz, compressas, algodão, medicamentos. E ainda por cima clandestinamente, por isso não são contados como pessoas mas como material de uso corrente, de usar e deitar fora, por muito que nos custe esta constatação!!!

E será isto justo?
Só por si, este facto desclassifica qualquer decência de um governo eleito pelo povo e qualquer sinal de justiça equitativa ou igualitária.

O SE e SIPE estão federados na FENSE, como é sabido.

São inúmeras as tentativas que temos feito, através da FENSE, para colocar os Enfermeiros do lado das receitas, como estão os Médicos, onde não há cortes, mas aumentos, porque são RECEITA.
Já demonstrámos e continuamos a demonstrar que 80% do trabalho realizado, se não mesmo mais e que o SAPE entorna no SAM, é da exclusiva competência e realização prática dos Enfermeiros.

Quem não sabe isto ou é, ou finge muito bem para parecer que é.

Quem anda nestas coisas da saúde sabe que os doentes permanecem mais ou menos dias nos hospitais, por precisarem de cuidados de Enfermeiro adequados ao seu estado, que de outro modo não estão assegurados, noutra área, como a da sua residência ou dos ditos cuidados continuados.
Pois, até perante esta evidência, os Enfermeiros continuam arredados das decisões fundamentais, como a alta de Enfermagem, a garantia da continuidade e a organização, a jusante desta continuidade de cuidados Enfermeiros.

Querem saber por que não tocam neste núcleo duro desta teoria?
Porque; mexer nela seria reorganizar, restruturar racionalmente, acorporativamente, alobicamente, o SNS, de acordo com a lógica, que ia desapiar muitos esquemas instalados.

Quem iria utilizar os milhares de computadores que enxameiam os serviços de saúde, com a melhor das intenções?

Os mesmos que falam da sustentabilidade do SNS são os que se demonstram incapazes de simplificar os circuitos e reduzir distâncias. Fazem lembrar o outro que na primeira reforma da aministração pública, aumentou as direcções de gerais de 1 para 12.

Para além da desgraça, que temos com um bastonário, que, quando vem a público falar (ver prós e contras do inconseguimento, 17/02/14, neste blog e atenção: se conseguimento é consecução, ou acto ou efeito de conseguir; INconseguimento é a sua contrária, isto é: não conseguir o conseguimento da coisa), só fala da complementaridade da Enfermagem, porque nunca fala do papel do Enfermeiro na equipa e, porque não(?) fora dela, mas sim dos problemas das equipas, onde o Enfermeiro, também está, a maior parte das vezes, até como o elemento essencial, a merecer honras de lugar de destaque. E quem deve promover esse destaque?
Obviamente, o Sr. Bastonário da nossa Ordem; não seria exirgir-lhe de mais...
E como as desgraças são como os frades; andam aos pares, nem capacidade demonstra para olhar para o lado e ver como os parceiros fazem na representação dos  membros das Ordens Profissionais de que são Bastonários.
 Para terminar este apontamento; lembram-se da portaria que fala de incentivos nas USF e sua (deles)remodelação, que saiu com o nº 377?
Pois bem, estamos perante a mais habilidosa manobra de ludíbrio dos Enfermeiros:
1 - Começou-se uma campanha dizendo que eram os suplementos incentivos dos Enfermeiros e Administrativos que não iam ser pagos;
2 - Fez-se todo o barulho possível para mobilizar os Enfermeiros, interessados e desinteressados para a luta;
3 - Mas o que estava em causa eram os incentvos Médicos e a garantia de que iam receber mensalmente por conta, aquilo que os puxa-carroça receberão, ou não, no fim do ano, depois de feitas as contas: o dos dos Médicos já lá está; o dos outros, estará ou não, se os objectivos, essa abstracção, não for atingida/os.

A FENSE está à espera que a ACSS ponha cá fora o que se comprometeu a fazer, separando o trabalho Enfermeiro do trabalho Médico.
Se mais de 80% do que contabilizam  como receita no trabalho Médico, acaba por ser efectivado por trabalho Enfermeiro, o que só é possível demonstrar com a separação de cada uma das actividades, ou seja; SAPE e SAM, sem manobras de batota inclusive, quem é que tem medo da verdade  dos factos?

Aqueles que permitiram que o Governo, porque feitos com ele, publicasse a portaria 377, sem a coluna que a FENSE propôs, que individualizava o trabalho Enfermeiro, o trabalho Médico, ou ambos, são mais cúmplices da situação real dos Enfermeiros do que o próprio Governo, por manter estas discriminações descaradas e vergonhosas.
Mas nem tudo está a correr mal; o cerco aperta-se em torno dos IU, que vão tendo cada vez mais dificuldade em enganar os colegas para favorecerem, ainda mais, os já naturalmente favorecidos.
Há já muitos Enfermeiros a pensarem no seu futuro e na forma correcta de o melhorar, lendo a história dos últimos 30 anos de Enfermagem, com os seus vios e desvios; querm a serviu; quem se tem servido dela.
Renasce a esperança no meio deste caos.
É o "elan vital" da Classe Enfermeira, que mexe visivelmente!

Com amizade e paixão serena,
José Azevedo

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