quinta-feira, 6 de março de 2014

O VÉU DE PENÉLOPE

{'Jovens pretendentes! Visto que morreu o divino Ulisses, tende paciência (embora me cobiceis como esposa) até terminar esta veste - pois não quereria ter fiado a lã em vão -, uma mortalha para o herói Laertes, para quando atinja o destino deletério da morte irreversível, para que entre o povo nenhuma mulher me lance a censura de que jaz sem mortalha quem tantos haveres granjeou'.

Assim falei e os seus orgulhosos corações consentiram. Daí por diante trabalhava de dia ao grande tear, mas desfazia a trama de noite, à luz das tochas. Deste modo 3 anos enganei os Aqueus.
Mas quando sobreveio o 4º ano, volvidas as estações, gastaram-se os meses e os dias cumpriram o seu termo.
Foi então que com a ajuda das minhas servas - cadelas tontas! - eles me apanharam e com altos gritos me repreenderam.
Tive pois de acabar a veste, embora não quisesse, à força.
Agora já não consigo fugir ao casamento, nem encontro outro estratagema...} (extracto da Odisseia de Homero - CANTO XIX - versos 141 a 158).

Vêde como a teia de Penélope se assemelha ao fabrico das listas de espera; desfazem de noite o que fazem de dia, quando fazem...

Mas não foi por isso que fomos buscar este estratagema de Penélope, esposa do divino Ulisses, ao que dizem, fundador de Ulissipo(lis) (Lisboa de hoje).
Há uma desigualdade flagrante, entre os operadores e restantes elementos da equipa cirurgica e os Enfermeiros dos serviçois que têm de suportar as sobrecargas de tantas cirúrgias, que aí vêm, pois já temos a experiência de que são o grande sustentáculo do processo 'SIGIC' e não recebem um cêntimo, pelo seu trabalho, o que não acontece com as Penélopes, fazem e desfazem a teia, que o tear constrói, mas com uma pequena diferença; estas já nem se dão ao trabalho de construir o véu.
Ora, vamos ter de moralizar o sistema de recuperações de listas de espera/desespera: ou há moral e comem todos; ou, então, ninguém come!
Certo?!
Correcto?!
Desta nossa intenção e posterior acção adequada, vamos dar conhecimento ao Ministério da Saúde e, não só.
Para já, pedimos que nos informem por esta ou outra via, como estão a sofrer o impacto:
Se aumentaram ao número de Enfermeiros;
Se vos estão a incentivar como fazem aos outros elementos da equipa da frente;
Se vos consideram e/ou não como elementos da mesma equipa, embora na parte mais recuada da coisa;
Etc, etc, etccccccccccccccccccc.
Está garantido o sigilo absoluto dessas informações, pois, aqui, ainda escrevemos em máquina de escrever para que os dígitos não voem na digitalização.
Não tenham medo e, muito menos, não demonstrem que o têm, se o tiverem, mesmo que não tenham nascido heróis.
Não fiquem tristes, porque ninguém nasce isso. Ser herói só depois da morte!
Com amizade e disponibilidade para atacar,
José Azevedo

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