sábado, 7 de dezembro de 2013

O SINDICATO É TÁBUA DE SALVAÇÃO DA CLASSE

Passar da teoria à prática, na era da cibernética e da teleologia, é tão veloz, que chega a causar vertigens, até.
No "pensamento do dia", que se publicou ontem, 5/12/13, aconselhávamos os Enfermeiros a pararem, a sua actividade, de quando em vez, para pensarem, por breves momentos, em si e nos seus inúmeros problemas profissionais, no local de trabalho, pois é, aí, que eles nascem e crescem ou morrem. Levá-los para fora do trabalho não é boa prática, porque vai afectar pessoas e espaços/tempos, que são destinados a outras coisas da vida pessoal de cada qual.
Aconteceu no CS de Viana do Castelo, às 15 horas e 10 minutos TMG do dia 06/12/2013.
Cumprindo uma promessa, várias vezes repetida, a meio da manhã, telefonei para o nosso Delegado Sindical e informei-o de que dispunha de algum tempo para ir buscar umas propostas de sindicalização de pessoas que queriam aderir ao SE e dar algumas informações, úteis, no momento, que passa.
Pedi a uma Colega mais próxima da Enfermeira Chefe para a informar de que íamos passar por lá e até podia assistir às informações que poderíamos dar, dadas as péssimas condições a que outros, que não nós, conduziram a Enfermagem, sobretudo a dos CSP. (Verificou-se mais tarde por que não aceitou o convite; não quis comprometer o seu "status quo").
Para não perturbarmos o movimento normal, do CS dirigimo-nos à cave, onde, de parceria com movens escadeirados, pois eram, em maioria, cadeiras velhas em desuso, lá fomos dando as informações de que os colegas precisavam para saberem o que está certo e errado e o que podem esperar, a curto e médio prazo de quem nos (des)governa.

Sem que nada o fizesse supor, a Enfermeira Chefe, veio interromper a reunião e tentar retirar Enfermeiras que estavam a informar-se e, em vez de contabilizar os breves minutos, em que desviámos as Enfermeiras da sua actividade, para saber quantas das 15 horas anuais, que os Sindicatos dispõem para reunir com os seus Associados, nas horas de trabalho, forçou uma das presentes a acompanhá-la, sob pena de desobediência, porque uma Médica reclamava a sua presença para atender um Utente.
Informei a intrusa e atrevida Chefe de que não tinha o direito de estar a perturbar uma reunião Sindical, infelizmente, a única, neste ano, que termina, brevemente, sendo o saldo das 15 horas anuais, largamente vantajoso para o SE.
Exaltada, não só exigiu que a Enfermeira a acompanhasse, como acompanhou, e, no andar superior, onde estava a Médica, continuou, em altos berros, a acusar a Enfermeira de que tinha sido ela que programou a reunião en quanto escrevia o que dizia ser uma participação, como se a presença do Sindicato, naquele local e àquela hora fosse uma infracção ou crime grave, cometido por aquela ou outra das Enfermeiras presentes.
Como era e é meu dever, dirigi-me ao andar de cima, onde tive de berrar também, para num tom e volume, que se sobrepusesse ao da exaltada Chefe, para lhe dizer que estava a cometer vários erros que o SE tinha de participar, quer dela, quer da Médica, à ACT e à ULSAM, pois uns breves minutos, numa passagem ligeira, em contacto breve com os Enfermeiros, numa cave escura, habitação ideal de ratos, deviam ser respeitados, sobretudo por ela, se fosse o que demonstrou não ser.
E o que é que a Médica pretendia da Enfermeira: dar um "combur" a um apressado.
Se estivesse em causa qualquer das funções vitais do Utente, ainda se justificava a imtromissão, num espaço e num tempo sindicais, que a lei concede e o respeito pelos Enfermeiros, seus subordinados, impõe.
À passagem, fora do gabinete da Chefe, um esperante que presumo fosse o requerente do "combur teste", ao que soube, posteriormente, disse-me em tom respeitador:  - "não se irrite".
Tive de lhe dar uma breve esclarecimento, enquanto caminhava, para junto das Colegas: se estava, atento, verificou que, apenas levantei a voz, porque a Senhora Enfermeira Chefe, não estava a querer ouvir-me, na reclamação; quando me irrito e está em causa a defesa dos Enfermeiros, até posso morder.
Mas, não era só o combur, que perturbava a Chefe; uma das presentes tinha de transportar, na viatura do Centro de Saúde,  uma Senhora Assistente Social, numa visita desta, a um acamado, clínico, portanto.
Aí, veio ao de cima a utilidade prática da minha presença, dada a possibilidade material de que com Chefes assim, tudo ser possível; avisar os Enfermeiros, que infelizmente, cedem na condução de viaturas, do serviço, roubando o emprego a quem precisa de trabalhar e arriscando-se a perigos imprevisíveis e incómodos certos, que, em caso de acidente, o seguro não cobre os danos sofridos pelos penduras, sejam quem forem, o que não acontece com um motorista próprio da condução de viaturas de serviço.
Além disso, já informámos, a propósito do uso dos Enfermeiros, como lixeiros, que transportam indevidamente, o lixo, que fazem, ao atender os doentes, de que não podem ser castigados por não fazerem isso, pois cada funcionário, só pode ser punido por acção ou omissão, voluntárias, decorrentes da função que exerce e para que está contratado, a qual leva à "ladaínha" do "juro que cumprirei com lealdade a função que me é confiada".
Portanto, transportar a Assistente Social, um Médico/a, um Colega, um  Aluno, as presentes ficaram informadas de que era um risco, que não deviam correr e o evitarem, recusando a condução da viatura nunca poderão ser, sequer advertidas, muito menos punidas, pois não função sua. Como prova real disto, interroguem-se por que têm de conduzir o Médico ou a Assistente Social, neste caso, por má prática da chefia de Enfermagem, que desconhece as funções dos Enfermeiros.
A lei só permite autorização de condução de viatura de serviço, a não motoristas, para uso individual, em serviço prestado pelo próprio, condição essencial para a cobertura do seguro, diz a lei.
Informo, a propósito, que este assunto está devidamente esclarecido e publicitado, de há muito, neste blog.
Como as cerejas, os assuntos iam saindo uns, após outros, após a atitude da Enfermeira Chefe, outro dos quais é o uso de Enfermeiras Especializadas, a serem exploradas, como especialistas, em funções mais diferenciadas das especialidades, as quais não estando contratadas para tal, não é função sua pelo que ao recusarem-se a praticá-las, por isso, não podem ser advertidas ou punidas.
Passámos pela "jornada contínua", que é o horário dos Enfermeiros; entrámos na garantia de não aumentarem o horário aos Enfermeiros, para lá das 35 horas, havendo a possibilidade até, de redução e explicámos como isso vai ser possível por várias vias ao nosso alcance que a "inteligência" instalada, não está a ver, mormente, os que andam a dizer que têm Enfermeiros a mais... (comparar com as tentativas de meterem mais médicos, como se fossem essas as necessidades dos utentes em situação de "ambulatório"; logo, não clínico, claro está.
Um apelo bem claro saltou das suas bocas: venha mais vezes e vá a outros lugares, tão necessitados da intervenção do SE, como este, pelo pouco que constatou.
Mas, nestes casos, para quem conhece, como eu, o ambiente, não é difícil extrapolar.

No plano estético, não gostei, da atitude da Enfermeira Chefe e, sendo talvez, o único sindicalista da Enfermagem, que defende e comprova os méritos das chefias de Enfermagem, fico muito triste com servilismos destes, da parte de quem chefia (não esquecer a Médica e o seu combur; a Assistente Social e a sua visita), que afastam os Enfermeiros dos seus méritos decorrentes da função própria, que estas verrugas ou excrescências funcionais malignas desvirtuam.
Como a falta de treino as faz degradar e perder o vigor da função!
Uma coisa é tentar imaginar estes comportamentos; outra coisa, muito mais triste ainda, é vivê-los, sofrê-los, observá-los, no terreno.
Não foi o desrespeito pelo Sindicato e pelo Sindicalista, que me magoou e que a Chefe devia evitar e não protagonizar. A dor maior é esta Chefe ter perdido por completo a noção do seu papel, naquele cargo, que eu tanto defendo, mas não nestes moldes, obviamente.
Venha mais vezes e vá a outras Unidades, dizem as vítimas destas atitudes banais.
E nas suas mentes, tanto quanto a telepatia permite, podia ler-se: de atitudes asnáticas e de coice de burro, ninguém se livra!
A prática confirma-o.
Para onde é que os não-Enfermeiros, por inaptidão ou desuso, estão a levar a Enfermagem?
Se você não é chefe, pense nestas coisas e respectivas causas, 20 vezes; se é chefe, pense 50.000 vezes e tente pesquisar, onde descarrilou e de quem foi a culpa do acidente, no percurso.

Com amizade e compreensão indignada
José Azevedo

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