sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

LER FAZ BEM À SAÚDE

OPINIÃO
Francisco Ramos
[“Regredir agora no desenvolvimento das USF, não é certamente verdade, só pode ser boato!”. 
Foi divulgada na comunicação social a decisão de suspender o modelo remuneratório dos profissionais das Unidades de Saúde Familiar (USF) / Modelo B. A justificativa seria a existência de dúvidas sobre eventual violação das leis do Orçamento do Estado que suspendem valorizações remuneratórias. A concretizar-se esta intenção, estaria ameaçada a maior e mais efetiva reforma dos últimos 20 anos na saúde em Portugal. Estaria em crise o acesso a médico de família de cerca de meio milhão de portugueses e postos em causa os compromissos assumidos no Programa de Assistência Econômica e Financeira (PAEF), vulgo memorando da troika, onde se previa o aprofundamento da reforma dos Cuidados de Saúde Primários iniciada em 2006, através da expansão do número de USF em atividade.
As USF concretizam um modelo de dedicação plena dos profissionais, respeitam a sua autonomia técnica e afirmam a capacidade do serviço público em responder às necessidades e expectativas da população. As USF são exemplo a seguir: adesão voluntária, escrutínio pelos órgãos de administração, sistema de informação obrigatório, objetivos explícitos, medição e avaliação de resultados. As USF têm demonstrado vantagem comparativa na rapidez de acesso à consulta e evidente economia na prescrição de medicamentos e exames complementares.
O modelo remuneratório, ao incorporar uma componente de incentivos, calculada em função do desempenho, como vigilância de grávidas, controlo da diabetes e da hipertensão, vacinação de crianças, etc. foi um avanço notável na administração da saúde. A criação deste modelo organizativo contribuiu para ultrapassar problemas causados pelo histórico corporativismo, juntando, nos mesmos propósitos e objetivos, médicos, enfermeiros e trabalhadores administrativos. Regredir agora no desenvolvimento das USF, símbolo da vontade de modernizar o Serviço Nacional de Saúde, não é certamente verdade, só pode ser boato!
FRANCISCO RAMOS é ex-secretário de Estado da Saúde.
 
Fonte: Jornal Público]
 
NB: Como substituto não fica mal a Francisco Ramos seguir a voz do mestre dois tons mais abaixo dada a sua qualidade de baritono excelente, de acordo com a facilidade com que imprime tons graves à sua voz barítona.
Temos que lhe agradecer, não por falar tão pouco com Enfermeiros e tanto com outros menos imprescindíveis, nesta área dos cuidados básicos.
Se no campo das hipóteses conseguiu perceber que sem Enfermeiros não há acessos a Médicos de família, não obstante ver os Enfermeiros como uma espécie de escadote, que se usa para aceder ao dito Médico de Família, na sua escola deviam ir mais longe, na função Enfermeiro que é uma alternativa ao Médico Familiar e não um escadote deste.
Eu sei que não o disse expressamente; mas subentende-se facilmente se juntarmos que os cortes seriam para Enfermeiros, que dão cesso ao Médico (ou não, pois têm recursos próprios para resolver 90% dos problemas de saúde primária).
Não disse como é que nas outras USF, que não são incentivadas se manisfestam os problemas causados pelo histórico corporativismo, Sabemos que nela, nessa escola se trabalha muito na incrementação da equipa multiprofissional, com a ressalva espúria de que na equipa o mais importante é o Médico, nele subsumindo todos os outros; vejam-se os registos do trabalho de cada um em qualidade e quantidade para se explicar o que ententende por problemas de corporativismo nas USF não B.
Será que nas USF não B os propósitos dos seus membros são maléficos para a saúde?
Gostávamos de o ter visto fundamentar a maior reforma dos últimos 20 anos, mas não o fez e nós ficamos à espera.
Como também gostávamos de o ver defender o direito dos Enfermeiros, por si, a incentivos equitativos e não condicionados.
Está escrito nas nossas actas da altura, quando exigiamos essa equidade; o Dr. Pisco chefe da Missão dizia que os Enfermeiros não tinham antecedentes de RRE e por isso a lei...
Claro que nós não comemos nem as papas nem os bolos. Ontem como hoje, temos certeza absoluta de que sem os Enfermeiros e os seus méritos, não há saúde e os colegas vão interiorizando cada vez mais e mais depressa, tal evidência.
 
[O modelo remuneratório, ao incorporar uma componente de incentivos, calculada em função do desempenho, como vigilância de grávidas, controlo da diabetes e da hipertensão, vacinação de crianças, etc. foi um avanço notável na administração da saúde. A criação deste modelo organizativo contribuiu para ultrapassar problemas causados pelo histórico corporativismo, juntando, nos mesmos propósitos e objetivos, médicos, enfermeiros e trabalhadores administrativos. Regredir agora no desenvolvimento das USF, símbolo da vontade de modernizar o Serviço Nacional de Saúde, não é certamente verdade, só pode ser boato!]

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