segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

SAÚDE PODE E DEVE CRIAR INÚMEROS POSTOS DE TRABALHO

Saúde pode criar milhares de postos de trabalho


Saúde pode criar milhares de postos de trabalho
António Lúcio Baptista
29/12/2013 - 00:07
Saúde pode criar milhares de postos de trabalho se o turismo de saúde e bem-estar for uma realidade

Se me perguntassem que pedaço da Europa eu quereria para desenvolver o turismo, responderia: quero a costa ocidental! Pelo clima, pela localização, pelas ilhas, pela hospitalidade, pela gastronomia, pelas acessibilidades. Portugal tem condições únicas para ter um turismo de qualidade.
No Plano Estratégico de Turismo PET 2006 e, posteriormente, na revisão PET 2013, o turismo de saúde e bem-estar aparece como uma prioridade nacional.
Um seminário do Fórum Portucalense, realizado no Porto no dia 18 de novembro, e habilmente conduzido pelo Prof. António Vilar, tinha como base a pergunta: “Pode Portugal ser colocado na rota internacional de turismo de saúde?” Na minha apresentação, parafraseando o presidente Obama disse: “Yes, we can!”
O turismo de saúde e bem-estar é, nas palavras do Prof. Viegas Fernandes, presidente da APTSBE – Associação Portuguesa de Turismo de Saúde e Bem-Estar, um produto “compósito e multifacetado”.
É claro que nós podemos realizar os nossos sonhos, basta querer. Necessitamos de ambição, motivação e trabalho.
Este objetivo para Portugal é não só uma necessidade como também uma prioridade. E uma oportunidade. Uma necessidade porque, na prestação de alguns cuidados de saúde, temos uma capacidade instalada muito grande. A população não cresce e está mais saudável.
Os paradigmas da saúde levam a uma descentralização e cada vez mais ao self-care e ao ehealth, passando para o utente/cliente parte desta responsabilidade.
A oportunidade de atrair doentes/clientes estrangeiros é tema de debate constante por se tratar de um mercado de 100 mil milhões de dólares, segundo um estudo da KPMG International de maio de 2011, citado por Sérgio Franco, vice-presidente da APTSBE. São 100 mil milhões de dólares com um crescimento previsível de 20 a 30%.
Aqui é que está a verdadeira oportunidade de criar receitas, desenvolvendo o turismo médico e de bem-estar, criando milhares de postos de trabalho qualificados.
Se na área do bem-estar e terapias várias como as termas, talassoterapia, resorts de saúde e produtos combinados como o enoturismo e o ecoturismo, os empresários estão já a “dar aos pedais”, na parte do turismo médico a situação é mais complicada. Primeiro porque não temos (exceto casos pontuais) essa cultura, não estão formatados produtos para o mercado e não temos unidades de excelência. Corre-se até o risco de “matar o bebé à nascença”.
Extrapolando alguns números pesquisados sobre os Estados Unidos da América, o país do mundo onde mais turismo de saúde se faz e atualmente o maior prestador mundial na área do turismo médico, verifica-se que cerca de 10% da população (14 069 milhões) trabalha para o setor da saúde (US Department of Labour 2010). Em Portugal, apenas 113 125 mil pessoas trabalham nesse setor (dados do Ministério da Saúde de 2008). Haverá quadros não incluídos nestes números, mas trata-se de uma pequena fração.
Estes números só por si mostram o que está por fazer e que é urgente. Desenvolver esta valência, envolvendo todos os prestadores, hospitais, termas, unidades de reabilitação e de cuidados continuados, resorts, hotéis de saúde, etc., e todas as associações, o Ministério da Saúde, da Economia e o Turismo. Aproveitar o mar e todas as possibilidades naturais e o importantíssimo papel das agências de viagens como facilitadores internacionais. Mas para isso é necessário haver produtos para o mercado! Quanto a mim, não existem ainda em quantidade e qualidade.
“Yes, we can”, mas temos que trabalhar em conjunto.
Cirurgião cardiovascular, vice-presidente da APTSBE

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