Margarida Vieira é Enfermeira Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa, no Porto.
Há dias, surpreendeu-nos duplamente:
Primeiramente, porque apresentou um resumo do seu estudo acerca das venturas e desventuras da Enfermagem, numa perspectiva fundamentada em números, o que configura a quantidade do nosso padecer;
Seguidamente, porque nos "bocabriu", a circunstância de uma TV como a RTP1, à hora do almoço, seleccionar noticiar um esboço do seu estudo, apresentado pela própria.
Para quem está habituado a ver a Enfermagem, através das persianas corridas ou de administradores com a marca na ourela "de porem a eficácia antes da eficiência, baralhando o plano com a acção;
ou através de Médicos-Enfermeiros, que nos projectam de costas;
Esta aparição numa hora da principal refeição, o almoço, é uma deferência a que não estamos habituados.
Sabemos que se trata de estados de alma e de corpo, fustigado, para que outros descansem placidamente, mesmo enquanto trabalham.
Os cansaços são muitos e os descansos poucos; a exaustão impõe-se.
O Ministério da Saúde corta as unha rentes de mais no que se reporta aos Enfermeiros e paga muito caro essa falsa poupança, que os administradores da marca "eficácia e eficiência", ou seja, muito antes do que já é, mesmo antes de poder ser, não conseguem interpretar na dimensão correcta, porque subvalorizam o essencial para sobrevalorizarem o menos essencial.
Na sua cegueira vivem em paz com a sua administração asnática, enquanto num plano real e mais profundo, que as suas vistas não alcançam, é possível identificar o que estudiosas como Margarida Vieira podem identificar e classificar.
Muito agradecido pela ajuda; pela prestimosa e oportuna ajuda para a causa que defendemos e que exige intervenção imediata do lado das administrações.
A propositadamente silenciada voz dos Enfermeiros, no interior das administrações institucionais vai irromper em revoltas, a que podemos perder o controlo do sinergismo das tragédias.
Duma coisa, entre muitas, temos a certeza: não nos podem acusar de não os termos avisado de qua andam a ler pouco e má literatura da área.
Com amizade
José Azevedo
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